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sexta-feira, 29 março, 2024

Uma notícia e suas várias leituras

Pedro Augusto Pinho*

O Monitor Mercantil e o Jornal do Brasil, em 05/03/2018, noticiaram as repercussões da decisão do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, de taxar as importações de aço e de alumínio.

Uma ação de soberania. Durante sua campanha eleitoral, Donald Trump  procurou reavivar o espírito empreendedor, heroico, aventureiro, que Hollywood e toda comunicação de massa, mesmo a literatura mais acadêmica, procuraram incutir nos estadunidenses.

 

Desde a infância, o mundo dos nascidos nos EUA é povoado por heróis que combatiam os índios, os japoneses, os russos, hoje, os árabes. E inexoravelmente saíam vencedores.

Também são heróis nacionais os grandes construtores das linhas férreas, da siderurgia, exploradores de petróleo. Com tal suporte, Trump apelou para a alma estadunidense, e foi eleito.

E, curiosamente, começou, ainda que com discursos dúbios, ora radicais ora excludentes ora provocativos, implementar a ressurreição industrial nos EUA.

Certamente o bem informado leitor não ignora que a política de comprar onde fosse mais barato, sem preocupações nacionais, também fabricar onde o lucro fosse maior, mesmo a custa das receitas tributárias dos EUA, levaram ao fechamento de fábricas, ao crescente endividamento do país, ao desemprego, ao desestímulo.

Hoje, analistas patriotas estadunidenses reclamam do sistema educacional, da mão de obra, das dependências de produtos estrangeiros.

Trump, por outro lado, vem sofrendo oposição do que se convencionou chamar “deep state”, aquela tecnoestrutura que sobrevive aos governantes e se empodera.

Há um caso exemplar da deposição de Mossadegh, pela CIA, no Irã, de interesse da Inglaterra, que não contou com a aprovação de Truman nem de Eisenhower, mas ocorreu pela força do “deep state”, nas mãos dos irmãos Dulles (Stephen Kinzer, Todos os homens do Xá, Ed. Bertrand Brasil, RJ, 2004).

Que o Jornal do Brasil estampe as reações negativas à tributação vindas da República Popular da China, assim como da União Europeia (UE) não nos surpreende. Competem neste mercado.

Mas a notícia mais curiosa está no Monitor Mercantil: “FMI: tarifas sobre aço e alumínio afetarão a economia global”.

Que susto poderia ter levado o ex-Ministro Delfim Netto – o Fundo Monetário Internacional (FMI) se posiciona contra os EUA !?

Não meus caros leitores, o mundo não está de pernas para o alto. Alguns não compreende a profunda mudança ocorrida no poder mundial. Os Estados Nacionais estão sendo substituídos pelo poder universal do sistema financeiro – a banca.

E aí está um organismo internacional da banca dando um puxão de orelha no Presidente da nação mais rica e bem armada do mundo.

E o Brasil? Ora, colônia da banca, exclusivamente desde o golpe de 2016, não poderia se posicionar em oposição aos queixumes. Então o Ministro da Fazenda confessa a humilhante e triste realidade: somos apenas exportadores de matéria prima.

Palmas para o agente Moro, que já destruiu nossa engenharia, palmas para Temer e Cármen Lúcia que só protegem indústrias estrangeiras – não é Shell? obrigado Ambev! – portanto esta medida só poderá afetar nossos infelizes catadores de lata.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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