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sexta-feira, 29 março, 2024

Terra arrasada, a Argentina atual de Macri

Tradução: Elissandro Santana, para Desacato.info. (Port/Esp).

A região fede a enxofre, pois, pela primeira vez na história, os opressores filhos das ditaduras do Plano Condor, dos anos 70, chegam ao governo mediante o voto do povo.

O escravista convenceu ao escravo para que seguisse sendo escravo, e o fez com intricadas manobras comunicacionais, que incluem a programação neuronal linguística; a propaganda subliminar; a utilização do poder judiciário como ferramenta de extermínio de opositores; as operações de inteligência criadas em cenários grandiloquentes e replicadas por agências de notícias de outros países aumentando a difusão.

Na Argentina, Mauricio Macri chegou ao poder depois de 8 anos de mandato como Chefe de Governo da cidade de Buenos Aires, entre 2007 e 2015.

A cidade é a terceira em arrecadação de impostos em âmbito nacional. Sendo o Estado mais rico do país, por sua escassa superfície e população, o pegou sem dívidas, e o endividou de um modo atroz, com a desculpa de fazer obras que nunca fez. Vendeu edifícios públicos com a desculpa de construir escolas que nunca ficaram prontas. Aumentou a mortalidade infantil. Desfinanciou os hospitais públicos. Fomentou a alta burguesia organizando uma prisão judicial contra os vizinhos em bairros pobres e até realizando obras para que estes locais humildes sejam inundados, de modo que as propriedades se desvalorizaram e os vizinhos dos bairros ricos puderam comprar as casas a preços ínfimos para em seguida construírem edifícios.

Organizou milícias paraestatais em um organismo chamado UCEP (Unidade de Controle do Espaço Público) para espancar indigentes. Criou um escritório de espionagem paraestatal, em que, para justificar as escutas telefônicas ilegais, com juízes amigos montou armadilhas judiciais. Observou a empresários e funcionários do governo federal, legisladores, familiares de vítimas da explosão da AMIA e até o próprio cunhado.

Qualquer um que observasse a gestão de Mauricio Macri como chefe de governo da Cidade de Buenos Aires poderia intuir que o modelo se replicaria em todo o território nacional. Por que votaram nele se tudo estava tão à vista?

Fortalecido após vencer as eleições, Macri se juntou ao poder financeiro internacional e transformou o país em um território de caça para a elite mafiosa que ele representa.

A perseguição política a opositores se vê direcionada desde o poder judiciário com juízes nomeados ilegitimamente por Mauricio Macri ou comprados por seu governo, desrespeitando a Constituição e o Código Penal. Sentenças a ex-funcionários são vendidas atualmente em tribunais em troca de ascensão ao magistrado.

Juízes e fiscais que não se prestam a estas manobras são ameaçados de morte o perseguidos com causas inventadas para lhes tirarem os cargos em um juízo político. Os juízes que em conferência de imprensa denunciam estas ameaças são rapidamente atacados pelos meios de difusão que respondem cegamente a Mauricio Macri por conta da impunidade e interesses em comum.

Legisladores que vendem seu voto para imporem leis antipatriotas como a cessão de soberania jurídica em acordos internacionais, ou leis contrárias ao povo como a da reforma previdenciária.

Governadores que lhes asseguram um mandato cômodo em troca de mordomias que nem sempre são para os cidadãos, e que, de fato, está provado que somente prejudicam o povo.

A impunidade deste governo de psicopatas é tal que resulta humilhante por seu cinismo, para qualquer pessoa normal.

“Ninguém pode se achar acima da lei; ninguém pode achar que pode derrubar aos demais”, disse Mauricio Macri 24 horas depois de ter feito assinar à vice-presidenta do país o encerramento da investigação administrativa sobre o Correio Argentino, empresa em concessão que pertence a Macri e endivida o Estado em 70.000 milhões de pesos.

Em três anos de governo, os trabalhadores argentinos passaram do salário mais alto a um dos mais baixos na América Latina.

A metade da população é considerada hoje “pobre energética” porque as cargas de serviços públicos comprometem, em alguns casos, até 50% de seus salários. Impostos aumentados sem razão a não ser enriquecer as empresas das quais os servidores públicos nacionais fazem parte.

O panorama econômico é o pior possível. Inflação e recessão. Qualquer pessoa que vive somente de um salário tem sido brutalmente empobrecida.

Macri colocou o país de joelhos, contraindo uma quantidade de dívida pública monstruosa, ao tempo que gerou todas as condições para a fuga de capitais e para o esvaziamento do Banco Central da República Argentina.

Os produtores agropecuários se viam como vencedores desse modelo de neocolonização, e atualmente, os pequenos e médios produtores estão endividados a ponto de falirem.

Milhares de empresários de todos os portes já fecharam as portas porque este governo abriu as importações prejudicando a todos.

E há algo mais grave ainda: o governo de Mauricio Macri autorizou a livro fechado o Canal de Montevidéu e arquivou o projeto do Canal soberano de Magdalena, a saída direta do Paraná ao Atlântico Sul.  Autorizar a drenagem de trecho-chave do Porto de Montevidéu significa tapar a saída da produção argentina e entregar a riqueza da nação às mãos estrangeiras que fazem e desfazem no trânsito portuário de nosso vizinho oriental, algo que nunca conseguiram com a Argentina.

Todas as mercadorias (matérias primas) do Paraguai, Sul do Brasil, Argentina e Uruguai, sairão pelo Porto de Montevidéu, em detrimento do Porto de Buenos Aires e por onde a renda agrária será controlada agora por corporações estrangeiras que operam no Uruguai. Ademais, flexibilizou as condições para que se inscrevam empresas off shore, na cidade de Buenos Aires, armando assim um circuito de evasão fiscal, similar ao do Panamá ou as ilhas Cayman.

O governo de Mauricio Macri acaba de cravar o último prego no caixão da Argentina: produziremos grãos e carnes, mas nem os comeremos nem nos beneficiaremos de sua exportação, portanto, também não teremos como pagar a monumental e ilegítima dívida contraída.

O discurso vazio, a propaganda, a utilização das redes sociais e até da religião como método para narcotizar a população deu resultado. O povo argentino votou em seu verdugo porque acreditou na imagem apresentada na mídia tradicional mais do que na própria. Acreditou nesse indivíduo que falava a partir de frases simples com soluções mágicas para os problemas do cotidiano.

É imperioso abrir os olhos, dissipar as neblinas e alertar à sociedade que o Anticristo colocou seus servos em atividade na América Latina.

Se não lutamos com inteligência, terminaremos todos atiçando o inferno que nos consumirá.

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