20.4 C
Brasília
quinta-feira, 28 março, 2024

Rwanda: Presidente diz que justiça eficaz e reconciliação explicam sucesso pós-genocídio

Maputo – O Presidente do Rwanda, Paul Kagamé, disse terça-feira em Maputo que o sucesso que o país vem registando após o genocídio de 1994 deve-se a uma justiça funcional e a um processo de reconciliação eficaz.
Falando numa palestra sobre o Rwanda, país que viu cerca de 800 mil pessoas chacinadas no genocídio de 1994, Kagamé afirmou que o Governo rwandês pôs em prática uma política que uniu o país e criou condições para o relançamento da economia.
“O Rwanda mostrou o pior do ser humano, com o genocídio que viveu, mas também tem mostrado a melhor face do ser humano, com os progressos espantosos que tem vindo a registar”, disse Paul Kagamé na palestra inserida na visita de dois dias a Moçambique.
As políticas introduzidas pelo executivo que assumiu o poder após o colapso provocado pelo genocídio, prosseguiu Kagamé, reduziram a pobreza no país de mais de 60% para 40%, aumentaram a esperança de vida de cerca de 40 anos para mais de 60 e fizeram do Rwanda uma das economias que mais crescem na África sub-sahariana.
“Éramos vistos como um país inviável, mas conseguimos ser um dos que mais reduziram as desigualdades sociais”, frisou o chefe de Estado do Rwanda.
De acordo com Paul Kagamé, a aposta num sistema de justiça comunitária, enraizada nos costumes das comunidades locais, para o julgamento dos responsáveis pelo genocídio, e um processo de reconciliação mais inclusivo, também ajudou a curar as feridas provocadas pelas chacinas de 1994.
“O nosso estilo de reconciliação nacional promoveu mais harmonia social e fez com que os rwandeses se sentissem mais rwandeses que qualquer outra coisa acima de tudo”, destacou Kagamé, numa referência à ideia de eliminação da supremacia étnica.
Apesar de o Rwanda ser elogiado pelo sucesso económico, Paul Kagamé tem sido criticado pela repressão às vozes dissidentes no seio país e relutância em deixar o poder, que assumiu desde 1994, primeiro acumulando a pasta de ministro da Defesa e de primeiro-ministro e mais tarde como chefe de Estado.
Kagamé terminou terça-feira em Moçambique uma visita de dois dias, na qual foi assinado entre Maputo e Kigali um acordo geral de cooperação e abordada a exigência do executivo rwandês de ter alguns cidadãos do seu país extraditados por alegada participação no genocídio.
Na matança de 1994, cerca de 800 mil pessoas, maioritariamente do grupo étnico tutsi, foram mortas por milícias hutu, no âmbito de um conflito que levou ao poder o partido Frente Patriótica Rwandesa, de Paul Kagamé.

http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/africa/2016/9/43/Rwanda-Presidente-diz-que-justica-eficaz-reconciliacao-explicam-sucesso-pos-genocidio,74684f21-0a51-47c4-916f-ad6172e02e33.html

ÚLTIMAS NOTÍCIAS