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quinta-feira, 25 abril, 2024

PRECISAMOS UMA OPOSIÇÃO A FAVOR DO BRASIL

 Pedro Augusto Pinho*

Os dirigentes nacionalistas e trabalhistas que, desde a Revolução de 1930, conduziram o Brasil, promoveram alguma redução na enorme distância, que ainda hoje identificamos, de uma sociedade escravocrata para o momento civilizatório existente no período de seus governos.

Graças a estes presidentes – Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João (Jango) Goulart, Ernesto Geisel e Luiz Inácio (Lula) da Silva – com maior ou menor eficácia, com melhor ou pior articulação institucional, o Brasil progrediu no sentido econômico, social e, principalmente, de sua soberania, de uma independência até hoje nunca alcançada verdadeiramente e integralmente.

Poderia o caro leitor arguir que não há, no mundo multipolar, a independência plena em qualquer país. É verdade. Mas a disponibilidade de artefatos nucleares e o controle das mensagens, principalmente eletrônicas, fazem toda diferença entre a nação capaz de defender seus interesses e as que se subordinam aos interesses de outras.

É a razão do Japão se encontrar estagnado desde o século passado e a Coreia do Norte continuar se desenvolvendo, malgrado todas chantagens, intimidações, embargos, bloqueios e contingenciamentos diversos. O Japão não tem a bomba atômica.

Getúlio Vargas e o Presidente Geisel foram os que viram no desenvolvimento da tecnologia nuclear, na afirmação da cultura nacional e no domínio das tecnologias da informação e da comunicação, os instrumentos mais relevantes para galgar a independência nacional.

O que faz o atual sistema governante do Brasil senão demolir estas conquistas com as mais ridículas razões, e isso quando consegue apontar alguma?

E como responde a denominada oposição? Com cobrança da questão nacional?

Com exigência de soberania ou com outras questões, sem dúvida importantes, mas que jamais prevalecerão num Estado servil, sem autonomia, sem governo nacional?

Vejamos alguns casos, até ridículos, que ocorreram no Brasil neste ano de 2019.

Parece claro, para quem conhece um mínimo sobre exercício do poder, que são os capitais financeiros, os interesses das empresas estrangeiras de petróleo e do comércio internacional, além dos cartéis de drogas que governam o País.

Assim, o Presidente da Petrobrás e o da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), contrariando dados factuais e a realidade do mercado internacional de petróleo, fazem afirmações desencontradas, contrariando a realidade e a boa técnica petroleira. A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) não se cansa de vir a público desmentir ou corrigir os “absurdos” dessas autoridades. Seriam elas ignorantes? Não entendemos assim, apenas repetem o que os detentores do poder atual no Brasil desejam que seja a compreensão das pessoas e, obviamente, que atendam a seus interesses.

Do AEPET Direto, de 29/11/2019: ” O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou, nesta quinta-feira, o novo plano de negócios, que prevê investimentos de US$ 75,7 bilhões nos próximos cinco anos. O volume de investimentos previstos é inferior ao plano anterior, de US$ 84,1 bilhões para o período de 2019 a 2023″.

E a empresa explica: “Essa alocação está aderente ao nosso posicionamento estratégico, com foco nos ativos de E&P (exploração e produção), especialmente no pré-sal, nos quais a Petrobras tem vantagem competitiva e geram mais retorno para os investimentos”. Mas, como salienta a AEPET, “os desinvestimentos (venda de ativos) previstos no plano variam entre US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões para o período 2020-2024, “sendo a maior concentração nos anos de 2020 e 2021”. Ora, qual o mais valioso ativo, senão o recurso finito do petróleo?, e, depois do “insucesso” do último leilão, o que se espera são mais vantagens para o comprador e menor para o Brasil, o possuidor deste importantíssimo e limitado recurso.

Mas devemos perguntar: qual o partido de “oposição” ou qual seu órgão de divulgação que tratou deste absurdo do atual governo, que interfere objetiva e diretamente com o futuro e a soberania nacional?

O PT, o PC do B, o PDT, o PSOL nada comentaram. O Brasil 247, cujas notícias interessam a parte da direção petista, coloca nos ombros de uma única pessoa o que é dever de, no mínimo, todo o partido: “De Lula espera-se que seja o aglutinador da grande frente popular de resistência. Ninguém tem mais condições de exercer essa liderança”, diz o colunista Roberto Amaral, manchete do referido jornal virtual, em 30/11/2019.

Atualmente há um conjunto de Projetos de Lei (PL) que tornarão ainda mais difícil lutar pelo Brasil, por sua soberania, enfrentando o capital financeiro, os traficantes de drogas e os contrabandistas de armas e pessoas, cujo dinheiro vem corrompendo as instituições nacionais e os três poderes da República.

São eles: PL 443/2019, que adiciona à Lei Antiterrorismo, da Presidenta Dilma Rousseff, o crime de atentar contra a vida ou integridade física de militares e agentes de segurança pública; PL 1595/2019, que dispõe sobre ações contraterroristas; PL 2418/2019, que legaliza o monitoramento de aplicativos de troca de mensagens, como o whatsApp; e PL 3389/2019 que acaba como anonimato na internet.

Este conjunto, denominado o Ato Patriótico tabajaras, em alusão ao Patriot Act estadunidense, que retirou dos Estados Unidos da América (EUA), em definitivo, o título de nação democrática, irá dificultar, senão impossibilitar que se combata, ou até que se critique, medidas antinacionais como a alienação do pré-sal e redução ou eliminação da capacidade tecnológica da Petrobrás, atualmente a maior do planeta na área de produção de petróleo em áreas de fronteira exploratória.

E não estamos esgotando as medidas que demonstram a regressão, senão a própria extinção, das conquistas emancipatórias do Brasil e de seu povo. E para as quais não se ouviu a voz oposicionista.

O que se pode esperar é que a fome, o desemprego, a miséria, a dor de ver seus filhos sem futuro nem esperança criem um clima de ruptura como jamais se viu no Brasil. E, então, como sempre que se referem às guerras, aos embates globais, pode-se entender como surgem, mas seus finais são imprevisíveis.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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