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sábado, 20 abril, 2024

Posição dos EUA no Oriente Médio:   preparação para o desastre

por The Saker

Verifica-se que Trump e o Pentágono estavam a mentir. Novamente. Desta vez, quanto ao verdadeiro impacto do contra-ataque iraniano sobre as forças americanas no Iraque. Primeiro alegaram que não havia pessoal ferido dos EUA, só para finalmente terem de confessar que 34 soldados haviam sofrido uma lesão cerebral traumática (a qual Trump “reclassificou” como uma “dor de cabeça”). A seguir tiveram de admitir que não eram realmente 34, mas na verdade 50 !

Segundo algumas fontes, nem todo o pessoal dos EUA estava escondido em bunkers e alguns foram mobilizados para defender o perímetro da base. Seja como for, isso acrescenta mais uma indicação de que o contra-ataque iraniano foi muito mais robusto do que o relatado originalmente pelo Império. De facto, fontes iranianas indicam que, a seguir ao ataque, um certo número de vítimas feridas foi transportada para Israel, Kuwait e Alemanha. Mais uma vez, provavelmente nunca descobriremos a verdade completa sobre o que aconteceu naquela noite, mas agora duas coisas são certas:

1. O ataque iraniano foi extremamente eficaz e é inegável que todas as forças dos EUA / NATO / Israel na região estão agora expostas como patos à espera do próximo ataque iraniano.
2. O tio Shmuel teve que subestimar dramaticamente a extensão real e a natureza do contra-ataque iraniano.

Sejamos claros quanto à qualidade do aviso recebido pelo pessoal dos EUA. Agora sabemos que houve pelo menos as seguintes advertências:

1. Advertência através do governo iraquiano (a quem os iranianos informaram das suas intenções).
2. Advertência através das autoridades suíças (que representam os interesses dos EUA no Irão e a quem os iranianos informaram das suas intenções).
3. Advertência através das capacidades de reconhecimento / inteligência dos EUA em terra, ar e espaço.

Mas, ainda assim, apesar destas condições quase ideais (do ponto de vista da defesa), vemos agora que nem um único míssil iraniano foi interceptado, que todos os mísseis aterraram com uma precisão muito alta, que a própria base dos EUA sofreu danos extensos (incluindo a destruição de helicópteros e drones) e que houve dezenas de feridos (ver este artigo para uma discussão pormenorizada das imagens pós-ataque).

Se encararmos este ataque primariamente como uma operação de “prova de factibilidade” (“proof of concept”), fica bastante claro que do lado iraniano aquilo que ficou provado foi um excelente grau de precisão e capacidade robusta de mísseis balísticos, ao passo que do lado dos EUA a única coisa que o ataque fez foi provar que as forças americanas na região são extremamente vulneráveis aos mísseis iranianos. Imagine se os iranianos quisessem maximizar as baixas dos EUA e se não tivessem feito qualquer advertência – qual seria o registo então?! E se os iranianos tivessem alvejado, digamos, depósitos de combustível e munições, edifícios onde vivia pessoal dos EUA, instalações industriais (incluindo nós logísticos chave do CENTCOM), portos ou até aeródromos? Consegue imaginar a espécie de inferno que os iranianos teriam desencadeado contra instalações basicamente não protegidas?!

Ainda em dúvida?

Então pergunte-se por que a Trump & Co. tiveram de mentir e minimizar o alcance real do ataque iraniano. É bastante óbvio que a Casa Branca decidiu mentir e apresentar o ataque como sendo quase sem impacto, porque se tivesse admitido a magnitude do mesmo, então teria de admitir também a sua impotência total para travar ou mesmo reduzi-lo significativamente. Não só isso, mas um público americano ultrajado (a maioria dos americanos ainda acredita na tradicional linha de propaganda sobre “A maior força militar da história da galáxia”!) teria exigido um contra-ataque retaliatóro contra o Irão, o que teria disparado um ataque iraniano imediato a Israel o qual, por sua vez, teria mergulhado toda a região numa guerra maciça para a qual os EUA não tinham estômago.

Compare isso com as afirmações iranianas as quais, no mínimo, possivelmente exageraram o impacto do ataque e que 80 militares foram feridos (eu acrescentaria aqui que, pelo menos até agora, o governo iraniano tem sido muito mais sincero e menos inclinado a recorrer mentiras grosseiras do que os EUA). Claramente os iranianos estavam prontos exactamente para a espécie de nova escalada que os EUA queriam evitar a quase qualquer custo.

Então, o que realmente aconteceu?

Existem duas maneiras básicas de se defender de um ataque: negação e punição. Negação é o que os sírios têm estado a fazer contra os EUA e Israel toda vez que abatem mísseis. A negação é ideal porque minimiza as próprias baixas, sem necessariamente aumentar a “escala de escalada”. Em contraste, a punição é quando não se impede um ataque e, sim, inflige-se um contra-ataque retaliatório ao lado atacante, mas só depois de ser atacado. Isto é o que os EUA poderiam fazer contra o Irão, a qualquer momento (sim, ao contrário de algumas alegações totalmente irrealistas, as defesas aéreas iranianas não podem impedir que as forças armadas dos EUA provoquem imensos danos ao Irão, à sua população e sua infraestrutura).

O problema de punir o Irão é que se está a lidar com um inimigo realmente disposto a absorver imensas perdas, desde que estas perdas levem finalmente à vitória. Como se pode deter alguém está disposto a morrer pelo seu país, povo ou fé?

Não há dúvida de que os iranianos, que são excelentes analistas, estão plenamente conscientes dos danos que os EUA podem infligir. O fator-chave aqui é que eles também percebem que, uma vez que os EUA desencadeiem os seus mísseis e bombardeiros e uma vez que destruam muitos (se não todos) os seus alvos, não terão mais nada para tentar conter o Irão.

Aqui está como se pode pensar da estratégia iraniana:

  • Se os EUA não fizerem nada ou apenas se envolvem em ataques simbólicos (digamos, como os ataques de Israel à Síria), os iranianos podem simplesmente ignorá-los porque embora sejam muito eficazes em dar aos americanos (ou israelenses) uma ilusão de poder, eles realmente falham em alcançar algo militarmente significativo.
  • Se os EUA finalmente decidirem atacar o Irão duramente, esgotarão sua “carta de punição” nesse contra-ataque e não terão mais opções para deter o Irão.
  • Se os EUA (ou Israel) decidirem usar armas nucleares, então tal ataque simplesmente dará ao Irão uma “carta de joker político”, dizendo em essência “agora está justificado com qualquer espécie de retaliação que possa imaginar”. E podem estar certos de que os iranianos virão com todos os tipos de formas penosas de retaliação!

Pode-se pensar a actual postura dos EUA como “binária”: ela é ou “tudo desligado” ou “tudo ligado”. Não por opção, é claro, mas essas condições são a resultante das realidades geoestratégicas do Médio Oriente e das muitas assimetrias entre os dois lados:

País EUA Irão
Superioridade aérea sim não
Forças terrestres capazes de combater não sim
Disposição para incorrer em grandes perdas não sim
Linhas de abastecimento longas e vulneráveis sim não
Preparado para grandes operações defensivas não sim

O acima exposto é obviamente uma simplificação, mas também é fundamentalmente verdadeiro. A razão para estas assimetrias está numa diferença muito simples mas crucial: os norte-americanos foram submetidos a uma lavagem cerebral que os leva a acreditar que grandes guerras podem ser vencidas a baixo custo. Os iranianos não têm tais ilusões (certamente não depois de o Iraque, apoiado pelos EUA, URSS e Europa, ter atacado o Irão e infligido imensa destruição à sociedade iraniana). Mas a era das “guerras baratas” está definitivamente acabada .

Além disso, os iranianos também sabem que a superioridade aérea dos EUA por si só não resultará magicamente numa vitória dos EUA. Finalmente, os iranianos tiveram 40 anos para se prepararem para um ataque americano. Os EUA só foram notificados disso em 8 de Janeiro deste ano.

Novamente, para os EUA, é “tudo ligado” ou “tudo desligado”. Vimos o “tudo desligado” nos dias seguintes ao contra-ataque iraniano e podemos ter uma ideia de como seria o “tudo ligado” recordando as operações israelenses contra o Hezbollah em 2006.

Os iranianos, no entanto, têm uma capacidade escalatória muito mais gradual, o que acabaram de demonstrar com o seu ataque às forças americanas no Iraque: eles podem lançar apenas alguns mísseis ou centenas deles. Eles podem tentar maximizar as baixas dos EUA ou podem optar por atacar a infraestrutura do CENTCOM. Eles podem escolher atacar o tio Shumel directamente, ou podem decidir atacar seus aliados (Arábia Saudita) e patrões (Israel). Podem optar por receber o crédito por qualquer acção ou podem ocultar-se por trás do que a CIA chama de negação plausível.

Assim, apesar de os EUA e o império anglo-sionista como um todo serem muito mais poderosos que o Irão, o Irão desenvolveu habilmente métodos e meios que lhe permitem controlar o que os analistas militares chamam de “controle da escalada”.

O Irão acabou de lançar os poderosos EUA à parede?

Lembram de Michael Ledeen? Ele é o Neocon que se saiu com este aforismo histórico: “A cada dez anos, mais ou menos, os Estados Unidos precisam pegar um pequeno país de merda e lançá-lo contra a parede, só para mostrar ao mundo o que querem dizer negócios”.

Não é irónico que o Irão tenha feito exactamente isso, eles pegaram os EUA e “lançaram-no contra uma parede, só para mostrar que queriam dizer com negócios”?

E o que é que tudo isso nos diz?

Por um lado, os militares dos EUA estão em perturbação real. É bastante óbvio que as defesas aéreas dos EUA são irremediavelmente ineficazes: vimos o seu “desempenho” na Arábia Saudita contra os ataques houthis. A verdade é que os mísseis Patriot nunca tiveram um desempenho adequado, nem na primeira Guerra do Golfo, nem hoje. A grande diferença é que o Iraque de Saddam Hussein não possuía mísseis de alta precisão e que as suas tentativas de atacar os EUA (ou Israel, pouco importa) não eram muito eficazes. Assim, foi fácil para o Pentágono falsificar o desempenho real (ou a falta dele!) dos seus sistemas de armas. Agora que o Irão foi capaz de localizar com precisão alguns edifícios, ignorando cuidadosamente outros, todo o Médio Oriente entrou numa era radicalmente nova.

Em segundo lugar, é igualmente óbvio que as bases americanas no Médio Oriente são muito vulneráveis a ataques de mísseis balísticos e de cruzeiro. As defesas aéreas são um ramo militar muito complicado e de alta tecnologia, e muitas vezes leva anos, se não décadas, para desenvolver um sistema de defesa aérea verdadeiramente eficaz. Devido em parte à sua tendência de atacar apenas países fracos e mal defendidos, e também devido ao dissuasor muito real que as forças armadas dos EUA costumavam ter no passado, os EUA nunca tiveram de se preocupar muito acerca de defesas aéreas. Os “rapazinhos” não tinham mísseis, ao passo que os “grandalhões” nunca ousariam atacar abertamente as forças do tio Shmuel.

Até recentemente.

Agora, é o Poder Hegemónico Mundial, anteriormente todo-poderoso, que foi jogado contra uma parede por um Irão muito mais fraco e, assim, viu-se sendo tratado como um “paiseco de merda”.

Doce ironia!

Mas há muito mais nesta história.

O verdadeiro objectivo iraniano: remover os EUA do Médio Oriente

Os iranianos (e muitos aliados iranianos na região) deixaram claro que a verdadeira retaliação pelo assassinato do general Soleimani seria provocar uma retirada completa das forças estado-unidenses do Iraque e da Síria primariamente, seguida de uma retirada completa de todo Médio Oriente.

Qual a probabilidade de tal resultado?

Neste momento, eu diria que as probabilidades de isto realmente acontecer são microscopicamente pequenas. Afinal, quem poderia imaginar seriamente os EUA a saírem da Arábia Saudita ou de Israel? Isto não irá acontecer sem um verdadeiro cataclismo.

E quanto a países como a Turquia ou o Paquistão, formalmente aliados dos EUA mas que também mostram sinais claros de estarem fartos do tipo de “patrocínio” que os EUA gostam de prestar a seus “aliados”? Teremos nós alguma razão para acreditar que estes países algum dia exigirão oficialmente que os mercenários do tio Shmuel (porque isso é que são as forças americanas, invasores pagos) saiam?

E há países como o Iraque ou o Afeganistão que abrigaram uma insurgência antiamericana muito bem-sucedida e activa, que manteve as forças americanas acocoradas em bases pesadamente fortificadas. Não penso que exista por aí alguém mentalmente são que possa apresentar um cenário semi-crível de como seria uma “vitória” dos EUA nestes países. O facto de os EUA permanecerem no Afeganistão por mais tempo do que os soviéticos demonstrou não só que as forças soviéticas eram muito mais eficazes (e populares) do que suas contrapartes americanas, como também que o Politburo de Gorbachev estava mais em contacto com a realidade do que o Conselho de Segurança Nacional de Trump.

Seja qual for o caso, acredito ser inegável que as guerras no Iraque e no Afeganistão estão perdidas e que nenhuma quantidade de exibicionismo mudará este resultado. O mesmo vale para a Síria, onde os EUA estão basicamente a aferrar-se por pura obstinação e uma incapacidade total de admitir a derrota.

A “visão de paz” do tio Shmuel para o Médio Oriente

Plano para a paz dos EUA.Acabei de ouvir o idiota em chefe apresentar orgulhosamente o “seu” plano de “paz” no Oriente Médio a Bibi Netanyahu e ao mundo. Esta última proeza mostra duas coisas cruciais sobre a mentalidade em Washington, DC:

1. Não há nada que as classes dominantes dos EUA não façam para tentar obter o favor e o apoio do lobby de Israel.

2. Os EUA não se importam, nem mesmo marginalmente, com o que pensam as pessoas do Médio Oriente.

Esta dinâmica, que não tem nada de novo mas que com Trump recebeu uma injecção qualitativa de esteróides, só contribuirá ainda mais para o inevitável colapso do Império no Médio Oriente. Por um lado, todos os chamados “aliados dos EUA” na região entendem que o único país que importa para os EUA é Israel e que todos os outros contam quase nada. Além disso, todos os governantes do Oriente Médio agora também sabem que ser aliado aos EUA também significa ser uma prostituta barata para Israel, o que, por sua vez, é um suicídio político garantido para qualquer político que não seja suficientemente sábio para farejar a armadilha. Finalmente, as guerras no Afeganistão, Iraque, Iémen, Líbano e Síria mostraram que o “Eixo da Bondade” (“Axis of Kindness”) é extenso em hipérbole e arrogância, mas muito curto em termos de capacidade de combate real.

A verdade simples é que a abjecta bajulação do lobby de Israel em que Trump se tem empenhado desde o primeiro dia de seu mandato só serve para isolar e enfraquecer ainda mais os EUA no Médio Oriente (e para além dele, na verdade!).

Neste contexto, quão realista é o objectivo iraniano de expulsar o tio Shmuel da região?

Como eu disse, nada realista de todo, se visto unicamente no curto prazo. Mas apresso-me a acrescentar que é muito realista a médio prazo se olharmos para alguns, mas não todos, os países da região. Finalmente, no longo prazo, não é apenas realista, é inevitável, mesmo que os próprios iranianos não façam muito, ou nada, para que isso aconteça.

Conclusão: os dias de “Israel” estão contados

Os israelenses têm-nos alimentado com uma dieta constante sobre este ou aquele país ou político ser um “novo Hitler” que gaseia “outra vez” seis milhões de judeus, ou quer varrer Israel do mapa ou mesmo empenhar-se num novo holocausto. Gilad Atzmon chama brilhantemente esse transtorno mental de “transtorno de stress pré- traumático”, e ele é observável. Os israelenses utilizaram principalmente este ” geschrei [1] antecipativo” como uma maneira de extrair tantas concessões (e dinheiro) dos goyim ocidentais quanto possível. Mas, num sentido profundo, é possível que os israelenses estejam pelo menos vagamente conscientes de que todo o seu projecto simplesmente não é viável, que não se pode garantir a sobrevivência de nenhum estado ao aterrorizar todos os seus vizinhos. A violência, especialmente cruel, raivosa, pode de facto aterrorizar pessoas, mas só por algum tempo. Mais cedo ou mais tarde, a alma humana superará qualquer medo, por mais visceral que seja, e substituirá aquele medo por um novo e imensamente poderoso senso de determinação.

Aqui está o que disse Robert Fisk em 2006, há 14 anos atrás:

Você ouvia Sharon, antes de ter sofrido o seu derrame, a usar esta frase no Knesset: “Os palestinos devem sentir dor”. Isto foi durante uma das intifadas. A ideia de que, se continuar a bater e bater e bater os árabes, eles se submeterão, e que finalmente ficarão de joelhos e darão o que você deseja. E isto é total, absolutamente ilusório, porque não se aplica mais. Isto se aplicava há 30 anos, quando cheguei ao Médio Oriente. Se os israelenses cruzavam a fronteira libanesa, os palestinos saltavam para os seus carros, guiavam para Beirute e iam ao cinema. Agora, quando os israelenses cruzam a fronteira libanesa, o Hezbollah salta para os seus carros em Beirute e corre para o sul para se juntar à batalha com eles. Mas o principal agora é que os árabes não têm mais medo. Seus líderes têm medo, os Mubaraks deste mundo, o presidente do Egipto, o rei Abdullah II da Jordânia. Eles estão com medo. Eles sacodem-se e tremem nas suas mesquitas douradas, porque foram apoiados por nós. Mas o povo já não tem medo.

O que era verdade só para alguns árabes em 2006, agora se tornou verdade para a maioria (talvez mesmo para todos?) dos árabes em 2020. Quanto aos iranianos, eles nunca tiveram medo do tio Shmuel, foram eles que “injectaram” o recém-criado Hezbollah com esta espécie qualitativamente nova de “coragem especial” (a qual é o ethos xiita, realmente!) quando foi fundado este movimento.

Impérios podem sobreviver a muitas coisas, mas, uma vez que não são mais temidos, então o seu fim está próximo. O ataque iraniano se provou uma nova realidade fundamental para o resto do mundo: os EUA têm muito mais medo do Irão do que o Irão tem medo dos EUA. Os governantes e políticos dos EUA alegarão, é claro, o contrário. Mas esse esforço fútil para remodelar a realidade está agora fadado ao fracasso, nem que seja porque mesmo os houthis podemagora desafiar aberta e com êxito o poder combinado do “Eixo da Bondade”.

Pode-se pensar dos líderes americanos e israelenses como a orquestra do Titanic: eles tocam bem, mas ainda ficarão molhados e depois morrerão.

2

1] geschrei:   palavra iídiche para gritar, gritar, berrar.

O original encontra-se em http://thesaker.is/u-s-posture-in-the-middle-east-preparing-for-disaster/

Este artigo encontra-se em https://resistir.info

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