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sexta-feira, 29 março, 2024

Por que não é preciso prestar demasiada atenção à visita de USS Carl Vinson ao Vietnã?

© AP Photo/ Tran Van Minh

USS Carl Vinson, porta-aviões dos EUA, visitou o porto vietnamita de Da Nang, onde durante quatro dias os 6.500 marinheiros estadunidenses compartilharam sua experiência com os colegas do Vietnã na área de equipamentos elétricos, assistência médica, segurança contra incêndios, etc.

Várias mídias ocidentais e vietnamitas escreveram com entusiasmo sobre a visita do USS Carl Vinson ao Vietnã e destacaram as novas possibilidades que este evento abre para cooperação entre as Marinhas de ambos os países.

Especialista em assuntos políticos e de defesa, coronel Nguyen Minh Tam, falando com a Sputnik Vietnãdestacou que a maioria dos vietnamitas consideram a visita do navio estadunidense apenas como um dos acontecimentos da política externa e de defesa do Vietnã.

“As avaliações expressadas por uma série de portais vietnamitas não refletem a opinião da maioria dos cidadãos vietnamitas. Falou-se demasiado disso. No entanto, vários representantes do Ministério da Defesa, da Marinha e da Força Aérea do Vietnã anteriormente já visitaram porta-aviões norte-americanos que passaram pelo mar do Sul da China”, disse.

O especialista destacou também a posição discreta da China em relação ao tema. Segundo explicou Nguyen Minh Tam, não se trata do primeiro caso em que porta-aviões dos EUA navegam no mar do Sul da China. Também não é primeira vez que navios dos EUA patrulham esta zona.

“Os porta-aviões dos EUA estão em todos os oceanos [exceto no oceano Ártico] e nos principais mares, inclusive no mar do Sul da China, por isso, não tem nada especial a chegada do Carl Vinson. A visita do Carl Vinson ao porto de Da Nang é um acontecimento ordinário para a política externa e de defesa do Vietnã com seus princípios de relações multilaterais e diversificadas, de amizade e cooperação com todos os países com base no respeito pela independência e soberania de todas as partes e de benefício mútuo.

Desde 2004, sem permitir a criação de bases militares estrangeiras em seu território, o Vietnã convida navios militares da Rússia, Reino Unido, Índia, França, Austrália, China e EUA para visitarem portos vietnamitas.

O ruído feito por algumas mídias em torno da visita do USS Carl Vinson ao porto vietnamita não se distingue muito da reação da imprensa colonial francesa e das edições do governo-fantoche de Bao Dai quanto à entrada de um porta-aviões dos EUA no porto de Saigon em 1950.

O Vietnã sempre manteve uma doutrina de defesa que tem como seu fundamento a defesa da independência e soberania com base no princípio dos “três nãos”: não participar de alianças militares, não ter bases militares estrangeiras no território do Vietnã, não permitir que outros países usem o território vietnamita para prejudicar a soberania e independência de terceiros países.

“Baseando-se nisso, o Vietnã está criando sua Marinha com objetivos de defesa. Muitos perguntam por que o Vietnã não constrói porta-aviões. Eu respondo que o porta-aviões é um meio de ataque a partir do mar. Durante a guerra da Resistência contra os americanos, os EUA tiveram ao menos 10 porta-aviões no mar do Sul da China, mas todos eram usados para atacar o Vietnã do Norte. Hoje em dia o Vietnã, graças à União Soviética e à Rússia, tem meios de defesa mais eficazes do que porta-aviões”, resumiu.

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