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quinta-feira, 28 março, 2024

Patota do chefe do golpe avança com muita sede ao pote

Autor Mário Augusto Jakobskind

O governo de Michel Temer tem agido visivelmente com muita sede ao pote. Tanto o presidente golpista como seus ministros estão querendo fazer tudo o mais rápido possível. Contam para isso com o apoio da mídia conservadora, o que nunca ninguém duvidou, até porque o golpe, designação que tanto está a enfurecer o Ministro José Serra, teve participação ativa do setor de comunicação defensor do deus mercado.
A propósito da área de comunicação, o jornal O Globo e outros veículos já anunciam a próxima nomeação para a presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) do jornalista Laerte Rimoli. Se tal fato se confirmar, o governo Temer estará passando por cima da legislação, já que o atual presidente, o jornalista Ricardo Melo tinha sido nomeado para o cargo pela Presidenta Dilma Rousseff no último dia 3 de maio para um mandato de quatro anos, conforme estabelece a lei 11.652/2008, que autorizou a criação da EBC.
Como golpista que é Temer não está nem aí em matéria de respeitar a legalidade e acima de tudo quer contentar quem o apóia. Possivelmente não perdoa a TV Brasil, uma das mídias da EBC, por ter a emissora nos últimos tempos dado voz e vez a setores que a mídia comercial conservadora ignora ou criminaliza.
Como se não bastasse a flagrante ilegalidade que acontecerá com a anunciada nomeação de Rimoli, a figura do jornalista também gera controvérsias. O poderoso chefão do golpe, Michel Temer, agora acompanhado do seu Ministro da Justiça Alexandre de Moraes, o tal que reprime adolescentes sem o menor constrangimento, apregoa aos quatro cantos que o governo tem compromisso com o combate a corrupção e não vai abrir mão disso.
Então vale uma pergunta que não quer calar: por que nomear exatamente Laerte Rimoli, condenado por unanimidade pelo plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) por envolvimento em atos de corrupção?
Vale lembrar um fato escondido no baú do tempo. Em 2005, baseado em auditorias, Rimoli foi um dos quatro servidores condenados a ressarcir aos cofres públicos o valor de 179 mil reais devido a pagamentos irregulares realizados quando o jornalista era um dos assessores de imprensa do então Ministério do Turismo e Esporte, no segundo mandato do então presidente Fernando Henrique Cardoso, no período entre julho e dezembro de 2002. O titular do Ministério era um tal de Caio Cibella de Carvalho. Rimoli se defende dizendo que “é jornalista e não burocrata”, o que não justifica o que cometeu e foi condenado pelo TCU.
Mas aí o TCU concedeu-lhe o benefício de pagar a multa em 36 parcelas, ou seja, em prestações mensais de pouco menos cinco mil reais.
O tempo passou, Rimoli continuou exercendo suas atividades jornalísticas, tanto na TV Globo, como na revista Veja, na direção da rádio CBN, na assessoria parlamentar do PSDB e mais recentemente na função de diretor de comunicação da Câmara dos Deputados, na gestão do meliante Eduardo Cunha. Além disso, Rimoli assessorou as campanhas presidenciais de Aécio Neves e anteriormente de Geraldo Alckmin em 2006.
É uma carreira “brilhante”, para nenhum tucano ou peemedebista botar defeito. Em Brasília, a voz dos corredores comenta que a anunciada indicação de Rimoli para a presidência da EBC seria uma indicação de Claudia Cunha, a esposa do meliante Eduardo. Claudia trabalhou com Rimoli na TV Globo.
Laerte Rimoli tem nos últimos tempos feito um feroz combate ao “lulopetismo”, por considerá-lo como um bloco corrupto etc e tal.
Para se ter uma ideia do que espalha por aí, em resposta a críticas que remetem muito naturalmente ao seu passado, Laerte Rimoli respondeu o seguinte: “eles têm nojo dos roubos da era FHC, mas aplaudem, com entusiasmo, a corrupção patrocinada por Lula, Dilma e o PT. E brigam pela manutenção da gangue no poder”.
Trocando em miúdos, o jornalista Laerte Rimoli, a ser nomeado de forma ilegal para a presidência da EBC, não surpreende em seus comentários. Apenas repete os argumentos que de um modo geral os colunistas de sempre da mídia conservadora, defensores incondicionais do golpe ocorrido, comentam e que setores da classe média também repetem a granel.
E assim caminha o governo interino, do chefe do golpe, Michel Temer, nas palavras de Ciro Gomes.
Outra pergunta que não quer calar: diante de todos os fatos relacionados com Laerte Rimoli, será que Temer manterá a nomeação já anunciada por O Globo do atual protegido do meliante Eduardo Cunha?
Em tempo: é sintomático o posicionamento do Ministro do Exterior José Serra contra governos da América Latina que criticam o golpe institucional no Brasil. Serra se insurge contra uma verdade e está colocando as mangas de fora muito rapidamente. Sua nomeação para o cargo não foi à toa. O site WikiLeaks que o diga.
E a mídia conservadora mais uma vez ignorou solenemente a denúncia do site WikiLeaks segundo a qual Michel Temer era de janeiro a julho de 2006, informante da embaixada norte-americana.

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