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quinta-feira, 28 março, 2024

‘Não sabíamos quando retornar’: como foi o voo de repatriação de cidadãos russos do Brasil (FOTOS)

RÚSSIA

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O voo de repatriação saiu de São Paulo com destino a Buenos Aires (Argentina), Santiago (Chile) e Havana (Cuba), voando por aproximadamente 30 horas até chegar a Moscou, na Rússia.

O correspondente da Sputnik Brasil, que estava a bordo da aeronave, acompanhou o voo da companhia aérea russa Azur Air que decolou do Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, localizado em Guarulhos, no estado de São Paulo, para repatriar os cidadãos russos que foram impedidos de voar devido à pandemia de COVID-19.

Graças aos esforços coordenados do Consulado Geral da Rússia em São Paulo e da companhia aérea Azur Air, que forneceram suporte necessário, foi possível reunir os cidadãos russos que foram impossibilitados de retornar ao país devido à pandemia de COVID-19.

Retorno à Pátria

O voo teve aproximadamente 30 horas de duração, contando com o suporte coordenado entre a companhia aérea Azur Air e o Consulado Geral da Rússia no Brasil, que ofereceram todo o apoio necessário para viabilizar o retorno dos cidadãos russos.

Os 417 passageiros que estavam a bordo da aeronave contaram com o apoio não apenas do consulado, como também dos tripulantes da aeronave, incluindo 39 comissários de bordo, dez pilotos e dois engenheiros de voo, que através da cortesia, compreensão e eficiência colaboraram ao máximo para que todos regressassem confortavelmente e em segurança.

Parte da tripulação da Azur Air no Aeroporto Internacional de Guarulhos, momentos antes de realizar o voo de repatriação dos cidadãos russos
© SPUTNIK / DIVULGAÇÃO AZUR AIR
Parte da tripulação da Azur Air no Aeroporto Internacional de Guarulhos

Durante o voo, foi possível notar que a equipe garantiu todos os cuidados com relação à saúde de todas as pessoas que estavam a bordo da aeronave. Em entrevista à Sputnik Brasil, o comissário-instrutor Maksim Pelts informou que a aeronave era desinfectada a cada 15 minutos, além disso, a cada três horas todos os passageiros e tripulantes recebiam novas máscaras e luvas para eliminar qualquer risco de contaminação.

A tensão devido ao fato de não poder retornar ao país em decorrência da pandemia e devido ao longo voo, foi superada pelo ambiente amigável dentro da aeronave, que era de total tranquilidade, com passageiros e tripulantes conversando e ajudando uns aos outros, como se fossem uma grande família.

Histórias e agradecimento

Durante o voo, alguns passageiros conversaram com a Sputnik Brasil, contaram um pouco da sua história e aproveitaram para agradecer a todos os que colaboraram na organização do voo de repatriação.

“Eu moro em Buenos Aires junto com meu marido e havia comprado minha passagem a Moscou para visitar minha mãe, que recentemente se recuperou do câncer. Entretanto, devido às circunstâncias adversas relacionadas ao coronavírus, minha passagem foi cancelada. Quando eu já não tinha mais esperança de visitar minha mãe, fui informada sobre o voo de repatriação da Rússia na América Latina”, afirmou à Sputnik Brasil Maria Zakharova, passageira do voo de repatriação.

Maria Zakharova, que é natural de Moscou e já trabalhou no Brasil, aproveitou para agradecer o trabalho de todos os envolvidos, bem como a todos os que estavam a bordo do avião, pela “atmosfera agradável, cortesia e heroico trabalho”.

“Nós fizemos novas amizades, compartilhamos histórias, rimos da possibilidade de recordar esta aventura do século XXI com bondade e gentileza”, ressaltou Zakharova.

Passageiros são recebidos a bordo durante voo de repatriação de cidadãos russos
© SPUTNIK / FELIPE CAMARGO
Passageiros são recebidos a bordo durante voo de repatriação de cidadãos russos

Em uma situação um pouco diferente, Natália Prikatsina contou à Sputnik que havia viajado para visitar sua neta na Argentina e deveria ter retornado à Rússia no dia 1º de abril, entretanto, devido à pandemia, seu voo foi cancelado.

“Passamos por momentos difíceis, pois não sabíamos quando retornar, tivemos de procurar outro lugar para viver. Felizmente, o Consulado da Rússia nos ajudou com documentos e na organização do voo de repatriação […] Quando, de forma inesperada, recebemos a notícia de que poderíamos retornar à Rússia, foi uma emoção tão grande, que até chorei de emoção […] Estou muito agradecida pela a ação, suporte e ajuda de todos os envolvidos”, declarou Natália Prikatsina, de Moscou.

Passageiros aproveitam para relaxar em voo da grande família com destino a Moscou
© SPUTNIK / FELIPE CAMARGO
Passageiros aproveitam para relaxar em “voo da grande família” com destino a Moscou

Outra passageira de Moscou, Albina Khamzina, que deveria ter retornado em abril a Moscou, também foi “pega de surpresa” ao receber a notícia de que poderia retornar à Rússia.

“Eu cheguei ao Brasil no começo de março para visitar meus parentes em São Paulo e meu voo de retorno estava marcado para abril, entretanto, meu voo foi cancelado e a fronteira foi fechada. Eu já não sabia mais o que fazer, pois precisava retornar ao trabalho em Moscou o quanto antes, quando recebi a ligação do Consulado Geral da Rússia informando sobre o voo de repatriação, demorou para acreditar que voltaria e poderia cumprir as obrigações em meu trabalho, agradeço ao Consulado Geral da Rússia em São Paulo e a todos os envolvidos, que viabilizaram nosso retorno à Rússia”, declarou Albina Khamzina.

Finalmente em Moscou

Depois de uma longa viagem, o avião Boeing 777-300ER da Azur Air pousou no Aeroporto Internacional Sheremetyevo, em Moscou, neste sábado (6).

Cada passageiro tem histórias, problemas e adversidades diferentes, entretanto, todos tinham algo em comum – a vontade de retornar para casa. Todos sabiam que o voo seria longo, demorado e cansativo.

Contudo, mesmo com todas as adversidades e exaustão, foi possível notar a solidariedade, cortesia e o bom relacionamento entre todos os que estavam a bordo da aeronave, tanto passageiros quanto tripulação. Ao final, todos foram recompensados ao retornarem com sucesso à Rússia em um “voo seguro entre amigos”, pois este foi o ambiente que vivenciamos ao longo das 30 horas de voo.

Sputnik

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