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quinta-feira, 25 abril, 2024

Mário Wallace Simonsen, o capitalista sabotado pelos militares e que morreu no exílio.

Mario Wallace Simonsen, dono de um grupo de empresas destroçadas pelo Golpe de 64

      ENTREOUVIDO NA REDAÇÃO DE PÁTRIA LATINA

Porque diabos, todos os golpistas quando chega ao poder, uma das primeiras ações consiste em piorar a vida do cidadão, é arrebentar as grandes empresas brasileiras? Em 64 foi a Panair e agora a Odebrecht, OAS, Termonuclear, Petrobras…  bandos de Filhos da pátria!

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Por Sergio Caldieri*
O santista Mário Wallace Simonsen foi um dos mais importantes empresários do Brasil, entre os anos de 1930 a 50. Possuia um conglomerado de 30 empresas, entre elas, a Viação Panair, a maior empresa aérea da América Latina, a CELMA, que fazia manutenção e retífica de turbinas aeronáuticas civis e militares, o Banco Noroeste do Estado de São Paulo, Biscoitos Aymoré, Rádio e TV Excelsior, Cerâmica São Caetano, Editora Melhoramentos, jornal A Nação, além da Comal, a maior exportadora de café do Brasil – e  Wasim Trading Company, representada em 65 países.
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Wallace Simonsen apoiava o governo de João Goulart e era amigo de Jusecelino Kubitschek e Leonel Brizola.  Com o golpe militar de 1964, começou a perseguição contra ele e seu sócio Celso da Rocha Miranda. Ele já tinha notoriedade pública como defensor da democracia, foi muito corajoso e lutou abertamente contra o regime militar. A sua TV Excelsior já apoiava a gestão do presidente João Goulart. Apoiou publicamente à candidatura de Juscelino Kubitschek na campanha presidencial de 1965, que foi sabotada pelos militares.
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Logo em seguida, Wallace Simonsen passou a ser criticado pelos políticos e jornalistas apoiadores dos militares, quando ocorreu uma das campanhas mais difamatórias no Brasil. O empresário começou a assistir a ruína de seu império desmoronar diante dos sistemáticos ataques de ordem político-militar da época. Aliás, sempre o mesmo filme de 1954, 1961, 1964 e 2016…

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A TV Excelsior era considerada como divisor de águas no que diz respeito à programação moderna da televisão brasileira, através das novelas, shows musicais, humorísticos e o 1º Festival da MPB, quando Elis Regina venceu com a música Arrastão, de Edu Lobo. O Fernando Barbosa Lima idealizou o Jornal de Vanguarda, em 1963,  revolucionando o jornalismo na TV, com os comentaristas: João Saldanha, Villas Boas Correa, Tarcísio Holanda, Fausto Wolff, Millôr Fernandes, Hilton Gomes, José Lewgoy, Luiz Jatobá, Oswaldo Sargentelli, Sergio Porto, José Ramos Tinhorão, Newton Carlos, Borjalo e tantos outros.

Segundo o falecido Fernando Barbosa Lima, em 1964, a TV Excelsior do Rio de Janeiro recebeu um prêmio no Festival Internacional de Televisão de Barcelona, na Espanha, pelo Jornal Cássio Muniz, o Jornal de Vanguarda, como era mais conhecido, pois Cássio Muniz era o seu patrocinador. O Jornal de Vanguarda foi considerado o melhor programa de informação do mundo do ano de 1963.

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Com o seu império em ruína e muito abatido pelas perseguições dos ditadores de plantão, cassaram a concessão da Panair em 1965, pelo marechal Castelo Branco. Foi realizada imediatamente a transferência da concessão para a Varig do empresário Ruben Berta, apoiador do golpe contra João Goulart. Mais de cinco mil funcionários ficaram desempregados da maior empresa aérea do Brasil. Na Amazônia, 43 cidades ficaram isoladas sem a Panair. Os aeroportos e infraestruturas construídas por Simonsen foram confiscados sem pagar um centavo de indenização.
Todas as suas empresas foram fechadas pelo militares, com excessão do Banco Noroeste do Estado de São Paulo, que foi passado para o seu primo Léo Cochrane. Entre 1995 e 97, fraudaram 242 milhões de dólares. Em 1998, foi vendido para o Santander, da família espanhola Botin, que tem ligações históricas com a mafiosa Opus Dei.
Mário Wallace Simonsen foi residir em Paris, onde faleceu aos 56 anos, vitima de uma depressão profunda, em 24/3/1965, em Orgewall. Foi enterrado no cemitério de La Batignolle. Seu descontentamento com o Brasil era tão grande que seu corpo sequer foi trazido de volta para São Paulo.
*Sergio Caldieri – Jornalista, escritor e diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro-SJPERJ.

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