18.1 C
Brasília
sexta-feira, 29 março, 2024

EUA e México adotam diferentes estratégias para combater tráfico de drogas

AMÉRICAS

Sputnik = Embora os governos do México e dos EUA afirmam ter adotado uma “nova abordagem” em suas relações desde o fim da “Iniciativa Mérida” – acordo de cooperação para a segurança entre os dois países – Washington parece ainda não ter abandonado sua política de interferência nos assuntos de seu vizinho do sul.

A administração democrata de Joe Biden insiste que elementos da Agência Antidrogas dos EUA (DEA, na sigla em inglês) deveriam estar envolvidos na política de segurança do Exército norte-americano. De igual modo, esse órgão também vem insistindo em garantias para operações no México.

Contudo, a Casa Branca teve uma surpresa desagradável nesse campo, uma vez que durante meses, o governo de Andrés Manuel López Obrador, atual presidente do México, se recusou a conceder vistos a cerca de 20 agentes da DEA.

Esta questão foi abordada durante o Diálogo de Alto Nível sobre Segurança, na Cidade do México, no início de outubro deste ano, mas nenhum dos atores conseguiu chegar a um acordo.

Detenção ou dissuasão?

O posicionamento de agentes norte-americanos no México contrasta com a “nova abordagem” que ambos os governos enfatizaram quando assinaram o “Acordo Bicentenário”. Nesse acordo, está estipulado que a relação bilateral de segurança entre os dois Estados não se concentraria mais na captura de líderes de cartéis de drogas, mas antes na abordagem das “causas fundamentais” da insegurança e da violência.

Neste contexto, Washington busca consolidar sua presença territorial no México, com o objetivo de “combater a produção, o transporte e o consumo de substâncias ilícitas”. Assim, o papel dos agentes da DEA é realizar atividades de investigação, tais como a coleta de informações para rastrear os líderes de grupos criminosos transnacionais e do crime organizado.

Membros do Exército do México patrulhando periferia do estado mexicano de Zacatecas, uma área estratégica para os cartéis de droga
© AP PHOTO / MARCO UGARTE
Membros do Exército do México patrulhando periferia do estado mexicano de Zacatecas, uma área estratégica para os cartéis de droga

Por sua vez, o presidente mexicano prioriza a implementação de programas sociais para dissuadir as pessoas de se envolverem em atividades ilegais, o que explica a resistência de seu governo em autorizar mais vistos para os agentes norte-americanos mencionados.

As relações entre o México e os EUA se intensificaram como resultado das atividades realizadas por essa agência durante a administração do ex-presidente republicano Donald Trump.

Nova reforma – vai funcionar?

Em dezembro de 2020, o Congresso do México aprovou uma reforma para reforçar a regulamentação do funcionamento e da presença de agentes estrangeiros em território nacional. Evidentemente, essa reforma foi dedicada especialmente a elementos de agências norte-americanas.

A reforma da Lei de Segurança Nacional põe, desse jeito, fim à imunidade dos agentes estrangeiros e exige que eles reportem suas ações e os resultados de suas investigações.

Vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, chegando para uma reunião bilateral ao Palácio Nacional na cidade do México, 8 de junho de 2021
© AP PHOTO / JACQUELYN MARTIN
Vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, chegando para uma reunião bilateral ao Palácio Nacional na cidade do México, 8 de junho de 2021

Contudo, é importante sublinhar que apesar de o governo mexicano ter recusado conceder mais vistos a agentes estrangeiros, isso não significa que não existam agentes da DEA atualmente destacados no país.

As informações sobre o número de agentes da DEA que operam no México são classificadas, sendo que divulgar informações sobre esses agentes prejudicaria ainda mais as relações com os EUA.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS