Por AEPET
A Petrobrás Biocombustível (PBIO) divulgou o início do processo de venda de sua lucrativa coligada BSBIOSA
(lucro líquido de R$ 38,7 milhões em 2017B, R$ 111,6 milhões em 2018C e R$ 129,9 milhões em 2019D, sendo a metade destes a equivalência patrimonial da PBIO; registrando-se que nos anos 2011 e 2013 a 2016E a empresa apresentou prejuízo financeiro em razão do endividamento pelos investimentos realizados e oscilações do mercado).
A BSBIOS é a maior produtora de biodiesel do Brasil com cerca de 10% da produção do país. Em 2018, com faturamento de 746 milhões de dólares, a empresa apresentou um crescimento de 40% em relação ao ano anterior. O lucro foi o maior entre as empresas do agronegócio. De acordo com Erasmo Carlos Battistella, seu presidente, a BSBIOS está preparada e mais competitiva: “Reorganizamos a companhia, pagamos parte de nossa dívida, baixamos os custos, investimos em melhorias tecnológicas e aumentamos a capacidade produtiva”.F
Atualmente a BSBIOS possui capacidade de produção de 828 milhões de litros de biodiesel por ano A , sendo que o mais recente aumento de capacidade foi concluído em 2020, ampliação de 517% em relação à capacidade instalada em 2011 – (160 milhões de litros/ano)G antes de ser firmada a parceria com a PBIO – além do aumento de 142%H em relação à capacidade de esmagamento instalada em 2011. Atualmente a usina de Passo Fundo está habilitada para processamento de mais de 1 milhão de toneladas de grãos por ano, agregando a vantagem à BSBIOS de atuação vertical no mercado de óleo vegetal e farelo de soja. O total investido pela PBIO, até 2012, na aquisição de 50% da BSBIOS foi de R$ 141,7 milhões I.
Colocar à venda um ativo importante para a saúde financeira da PBIO é difícil de se justificar, especialmente em tempos de crise quando há desvalorização generalizada de ativos, o que torna a alienação, além de injustificável, inoportuna. Observa-se que conforme o demonstrativo financeiro de 2019J, a PBIO apresentou lucro líquido de R$ 243,52 milhões, mesmo com prejuízo operacional de R$ 62 milhões, o que denota a importância das coligadas no lucro líquido da PBIO.
A PBIO iniciou o processo de vendas de ativos em 2016, privatizando grande parte de seus ativos, antes de recuperar investimentos realizados em ampliações e modernização de unidades industriais, tal como pode ocorrer com a BSBIOS.
As consecutivas reavaliações dos valores dos ativos (impairments) favoreceram as suas vendas por preços relativamente mais baixosK. O desenvolvimento das cadeias agrícolas para abastecimento das usinas de biodiesel foi prejudicado e/ou interrompido, o que reduz a margem de lucro e sustentabilidade das usinas próprias de biodiesel.
A participação em empreendimentos de energia potencialmente renovável e de baixo carbono é estratégia das maiores petrolíferas do mundo. Há vários fatores que impulsionam o futuro nessa direção, incluindo a queda dos custos para implantação das tecnologias de energia limpa, preferências do consumidor, políticas governamentais, acordos internacionais e pressão de vários grupos de partes interessadas.
Ao se restringir à produção de petróleo cru, sem investir em energias potencialmente renováveis, a companhia não contribui com o necessário desenvolvimento tecnológico e de infraestrutura para abastecer o país com fontes primárias sustentáveis aos menores custos possíveis.
A Petrobrás Biocombustível é importante na diversificação da Petrobrás, ambos os modelos de negócios – da PBIO e da Petrobrás – precisam ser integrados nacional e verticalmente. Devemos agregar valor ao petróleo cru e adotar estratégia que promova a resiliência diante da inevitável variação dos seus preços. Atuar integrada e verticalmente, ganhar escala, conhecer e atuar em toda a cadeia de valor do setor, permite que sejamos fortes no futuro, a partir da riqueza obtida com a produção de petróleo, gás natural, combustíveis, petroquímicos, biocombustíveis, energia elétrica e outras energias renováveis. A Petrobrás deve garantir o abastecimento nacional atual e futuro, de forma sustentável, aos menores custos possíveis para promover o desenvolvimento do Brasil.
Direção da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
Maio de 2020
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