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terça-feira, 19 março, 2024

Escola: um espaço de práticas

Crédito: Getty Images

Israel Aparecido Gonçalves*

A primeira socialização de uma pessoa vem da convivência com a família. Os valores morais, o caráter e a ética são adquiridos nessa primeira experiência no lar. A escola, como um processo de socialização secundária também deve discutir a ética, pois esta é um processo social e está relacionada com as esferas econômicas, sociais, religiosas entre outras que compõem uma cidade, conforme Berger e Luckmann, na obra “A Construção social da realidade”.

Em uma cidade chamada Joinville/SC tem uma instituição escolar denominada Escola Municipal Nelson de Miranda Coutinho que pode ser indicada como um exemplo de criatividade, de ousadia, de debate sobre ética e gestão progressista na imensa burocracia que é uma escola de ensino fundamental. Na escola está em construção uma minicidade que terá a função de mostrar aos alunos do ensino infantil e fundamental como funciona as relações sociais e econômicas em uma cidade. Antes de a minicidade ser iniciada, foi necessário o empenho de alguns professores e da gestão escolar para elaborar o projeto que ganhou o prêmio do Instituto MRV e da Fundação Pitágoras e, assim, colocar em prática o projeto “Trilhando Novos Caminhos” ao originou a construção da minicidade.

Observo a minicidade como uma marca importante na socialização secundária das crianças e dos adolescentes, haja vista que a escola tem como meta preparar alunos para ter autonomia, crítica, criatividade e cidadania. Do outro lado, existe também a preparação dos professores que terão de adaptar o conteúdo programado em sala de aula para uma outra realidade – fora da sala de aula. Essa dinâmica relembra uma frase do principal educador brasileiro, Paulo Freire (1921-1997) que afirmou: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Alunos aprendem e os professores também, uma nova forma de ensinar e apreender, pois a minicidade na escola aproxima os alunos da realidade e afasta o abstracionismo de várias competências elencadas na Base Comum Curricular de viés idealista, como exemplo a ideia de  “Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo (…)”. A valorização do mundo físico deve-se fazer na prática, pois o contrário é apenas uma narrativa professoral.

A escola tem como dever político e pedagógico aproximar a realidade social dos seus componentes curriculares, para criticá-los, transformá-lo e, assim emancipar o discente e gerar sentido a ele, aos estudos, à cooperação, à cidadania plena e do comportamento ético.

*Israel Aparecido Gonçalves, professor de história e sociologia.

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