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quinta-feira, 28 março, 2024

Cerveró aponta que maior parte da propina foi durante o governo FHC

Foto: Diego Paduan/FolhaPress
Diferentemente do que o consórcio da direita propaga aos quatro ventos por meio da mídia, a delação premiada do ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró apontou que o pagamento de pelo menos R$ 564,1 milhões em propina envolvendo negócios da estatal e de uma de suas subsidiárias, a BR Distribuidora foram adquiridos durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo desta segunda-feira (6).
A maior parte desse falar, segundo o delator, veio no último ano do governo do tucano, em 2002. Trata-se da aquisição da argentina Pérez Companc pela Petrobras, um esquema que rendeu US$ 100 milhões (R$ 354 milhões) em propinas.

“Cada diretor da Perez Companc recebeu US$ 1 milhão como prêmio pela venda da empresa e Oscar Vicente US$ 6 milhões”, disse o delator. A Petrobras reuniu os ativos da PeCom com outros adquiridos na Argentina e formou a Petrobras Energia SA (Pesa), com ações da bolsa.

Na época, o ex-senador Delcídio do Amaral era filiado ao PSDB e ocupava a diretoria de Óleo e Gás da Petrobras por indicação de FHC. Cerveró, que foi indicado por Delcídio para ocupar uma das gerências. Em outro depoimento, Cerveró disse que Delcídio recebeu US$ 10 milhões da multinacional Alstom – a mesma do esquema do trensalão tucano em São Paulo – durante o governo do tucano FHC, entre 1999 e 2001. O pagamento foi por conta da compra de turbinas para uma termoelétrica que seria construída no Rio, a TermoRio, por US$ 550 milhões, no contexto do apagão que ocorreu no governo de FHC entre 2001 e 2002.

Apesar do Globo não citar, na semana passada trechos da delação de Cerveró davam conta que, em 1999 ou 2000, o então presidente da estatal Philippe Reichstul (indicado por FHC) o orientou a fechar contrato para operação de termelétricas com a empresa PRS Participações, que seria vinculada a Paulo Henrique Cardoso, filho de FHC.

Cerveró diz que atuou para que a empresa de Paulo Henrique Cardoso fechasse o contrato, após a orientação de Reichstul. Na ocasião, Cerveró era subordinado a Delcídio, na Diretoria de Petróleo e Gás, mas havia sido incumbido da negociação.

“Cerveró recebeu Fernando Soares e os dirigentes da Union Fenosa. Eles acreditavam que o negócio estava fechado, mas souberam que ele havia sido fechado antes com a empresa PRS Participações, vinculada ao filho de FHC, Paulo Henrique Cardoso. O negócio havia sido fechado pelo próprio Cerveró por orientação do então presidente da Petrobrás Philippe Reichstul”, diz trecho da delação.

Propina esquematizada

Ainda segundo Cerveró, esquema continuou nos anos seguintes. Em 2007, o lobista Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, e Cerveró mantiveram as negociatas e citou caso da venda da Transener, que era da Pérez Companc, em um negócio que resultou pelo menos US$ 300 mil a Cerveró, US$ 300 mil a Fernando Baiano, e uma parte maior para a Argentina.

A compra da refinaria de Pasadena também foi citada por Cerveró. Segundo ele, o esquema teria favorecido o ex-senador Delcídio Amaral, Fernando Baiano e o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, entre outros nomes. Ma o Globo não apontou quais seriam esse nomes, se limitando a dizer que rendeu nada menos que US$ 15 milhões.

A aquisição de sondas, por sua vez, segundo o jornal, teria possibilitado pelo menos US$ 24 milhões em propina para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), o senador Jader Barbalho (PMDB) e Delcídio, entre outros.

Do Portal Vermelho, com informações de agências

 

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