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quinta-feira, 28 março, 2024

Carta do chanceler venezuelano Jorge Arreaza a Ernesto Araújo

Excelentíssimo Senhor

Ernesto Araújo

Ministro das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil

Brasília

Sua Excelência:

Em nome do Governo Bolivariano e do povo venezuelano, receba uma cordial saudação, por ocasião de expressar nossa boa vontade de espírito e cooperação para enfrentar a pandemia que afeta a saúde da população e o desenvolvimento normal de nossos países.

Em primeiro lugar, considero oportuno reiterar a mensagem do Presidente Nicolás Maduro ao Presidente Jair Bolsonaro, convidando ambos os governos para deixar de lado nossas profundas diferenças políticas e ideológicas, com o objetivo de estabelecer mecanismos diretos de coordenação da atenção à pandemia de Covid-19, colocando o benefício de nossos povos em primeiro lugar.

As complexas circunstâncias econômicas, sociais e culturais do mundo atual foram exacerbadas pelo impacto da pandemia de Covid-19. A humanidade enfrenta um inimigo comum, estamos passando por uma crise inédita que nos coloca inexoravelmente diante da obrigação de buscar caminhos para encontrar sua contenção, combate e derrota definitiva.

Excelência, a região da América Latina e do Caribe está passando por uma perigosa encruzilhada, tornando-se o epicentro global do crescimento da pandemia. Não há espaços ou desculpas para atrasar nossa responsabilidade histórica de enfrentar e reverter os terríveis efeitos deste vírus.

É urgente uma ação coordenada entre nossos países, que compartilham uma extensa fronteira comum, bem como uma longa tradição de laços familiares, culturais, sociais e econômicos, especialmente nas vastas áreas de fronteira.

Ministro, o Covid-19 não distingue ideologias ou tendências políticas; não discrimina com base em crenças, nacionalidades ou etnias; nem por razões de sexo, idade, etnia ou condição social. O mundo deve se unir para enfrentá-lo.

Não sejamos surdos ao apelo do Papa Francisco e do Secretário-Geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, ilustres dirigentes da comunidade internacional, que apelaram ao fim dos conflitos e controvérsias entre países para unir forças contra um inimigo comum, o Covid-19. O momento em que o mundo e a nossa região em particular vivem, exige de nós esforços excepcionais.

Caro Chanceler, no quadro desta pandemia, procuremos a fórmula para ultrapassar as nossas diferenças particulares, dando lugar a uma nova dinâmica de relações bilaterais integrais, para o bem comum dos nossos povos. É nosso dever e nossa responsabilidade com as gerações presentes e futuras.

Confiamos em que prevaleça uma política de Estado baseada na priorização dos grandes interesses de nossos povos e nos princípios da integração, cooperação e paz na região da América Latina e do Caribe.

Acreditamos que é hora de dar uma chance à diplomacia, ao diálogo e à compreensão. Dizemos, como o Libertador Simón Bolívar: “A unidade faz tudo e, portanto, devemos preservar este precioso princípio”.

Reiterando minha disposição ao diálogo permanente, considero oportuno expressar a Vossa Excelência os protestos de minha mais alta consideração.

Jorge Arreaza

Ministro do Poder Popular para as Relações Exteriores

República Bolivariana da Venezuela

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