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terça-feira, 16 abril, 2024

Bolívia: golpe de Estado eleitoral

Por Laura Becquer Paseiro

Havana, 25 de julho (Prensa Latina) Aqueles que em algum momento duvidaram que o que aconteceu na Bolívia em 2019 foi um golpe de Estado ao estilo antigo, apoiado por setores extremistas e militares, deveriam agora dar uma olhada no panorama daquele país.

A interrupção democrática do governo do Movimento ao Socialismo (MAS), liderado por Evo Morales desde 2006, marcou a atmosfera política na nação sul-americana.

Adiada duas vezes devido ao Covid-19, a convocação de novas eleições para estabilizar o país e terminar a mais longa transição na história do governo de facto de Jeanine Añez, representa também a oportunidade para o MAS concluir o processo social chamado Revolução Democrática-Cultural.

No entanto, a mesma oposição de direita que o tirou do Palácio de Quemado está agora alinhando os canhões para o candidato Masista Luis Arce.

As aspirações do ex-ministro das finanças durante a maior parte do mandato de Morales e seu companheiro de candidatura, o ex-ministro das Relações Exteriores David Choquehuanca, estão suspensas por um fio após tentativas de desqualificá-los, ou seja, de retirá-los do status legal e impedi-los a todo custo de participar das eleições gerais adiadas para 18 de outubro.

De fato, Evo disse no Twitter que prolongar as eleições não vai resolver a catástrofe que a Bolívia está passando, e pediu para votar o mais rápido possível em um novo executivo legítimo para enfrentar a crise sanitária e econômica.

A poucos meses das eleições, a dupla do MAS está liderando nas pesquisas sobre políticos tradicionais e conservadores como Añez (do grupo Juntos), os ex-presidentes Carlos Mesa (candidato da aliança Comunidade dos Cidadãos) e Jorge ‘Tuto’ Quiroga (Libre 21), assim como o radical ultra-direitista Luis Fernando Camacho, estes dois últimos com poucas intenções de votos.

A desculpa contra a fórmula de Arce-Choquehuanca é um suposto crime por causa dos comentários dos primeiros sobre uma enquete durante uma entrevista televisiva em 14 de julho.

A lei atual estipula como violação a divulgação de pesquisas de opinião, cuja elaboração e publicação estão sujeitas ao controle do órgão eleitoral no meio da campanha.

Entretanto, o próprio Arce especificou que não transmitiu nenhuma pesquisa e respondeu apenas a uma pergunta do jornalista.

Ele pediu, portanto, ao Supremo Tribunal Eleitoral que agisse imparcialmente diante da pressão óbvia dos outros candidatos.

O resultado desta história poderia levar a outro golpe de Estado, desta vez com conotações eleitorais, tendo em vista a falta de parcialidade das instituições e das autoridades judiciais.

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