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Uma paródia, no dia da Pátria de 2021, à celebre obra do ladrão e ébrio boêmio, François Villon, nascido em 1431 e desaparecido precocemente, como tantos brasileiros, aos 32 anos.
A Ballade des Dames du Temps Jadis foi escrita aos 30 anos.
Digam-me, quem mais corajoso e nacionalista,
Quem maior amor à Pátria demonstrou,
Ventos da história?
Os 18 do Forte, o Cavaleiro da Esperança,
Ou os que derrotaram as finanças inglesas em 1932?
Onde estão os sábios Horta Barbosa e Ernesto Geisel,
A quem a maior empresa do Brasil tanto deve?
Pois vivemos períodos de desditas
Das traições e milícias
Cobrindo-nos de queimadas a alma!
Quem ordenou a entrega das empresas,
Dos finitos recursos minerais e do petróleo
Aos capitais apátridas e marginais,
Que nada de bom trarão ao nosso povo.
Aqueles como Gaspar Dutra, de mente curta
E traição profunda, sem pensar um só instante
No País e no povo que tanto lhe concedera.
Pois, como em 1945 e 1954,
Vivemos períodos de desditas
Das traições e milícias
Cobrindo-nos de queimadas a alma!
Expulsaram, os entreguistas,
Da política brasileira os herdeiros de Getúlio Vargas:
Goulart, Brizola, Darcy Ribeiro.
Aqueles que só queriam: respeito ao trabalhador
E tempo integral nas escolas,
Abertas a todas as crianças.
Vivemos períodos de desditas
Das traições e milícias
Cobrindo-nos de queimadas a alma!
Cidadãos, se ainda existem,
Pois a pedagogia colonial os transformou
Em racistas, oportunistas ou tremendamente pentecostais,
Por que não se afastam dos traidores,
Dos que nos trazem o vírus, o desemprego, a fome
Pois vivemos períodos de desditas
Das traições e milícias
Cobrindo-nos de queimadas a alma!
O original de Villon foi colhido em exemplar numerado, da edição ilustrada por Dubout, em 10 de fevereiro de 1948, na impressora de J. Dumoulin, em Paris.
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado