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sexta-feira, 29 março, 2024

Balada a militares de outrora

Pedro Augusto Pinto*
Uma paródia, no dia da Pátria de 2021, à celebre obra do ladrão e ébrio boêmio, François Villon, nascido em 1431 e desaparecido precocemente, como tantos brasileiros, aos 32 anos.
Ballade des Dames du Temps Jadis foi escrita aos 30 anos.

Digam-me, quem mais corajoso e nacionalista,

Quem maior amor à Pátria demonstrou,

Ventos da história?

Os 18 do Forte, o Cavaleiro da Esperança,

Ou os que derrotaram as finanças inglesas em 1932?

Onde estão os sábios Horta Barbosa e Ernesto Geisel,

A quem a maior empresa do Brasil tanto deve?

Pois vivemos períodos de desditas

Das traições e milícias

Cobrindo-nos de queimadas a alma!

Quem ordenou a entrega das empresas,

Dos finitos recursos minerais e do petróleo

Aos capitais apátridas e marginais,

Que nada de bom trarão ao nosso povo.

Aqueles como Gaspar Dutra, de mente curta

E traição profunda, sem pensar um só instante

No País e no povo que tanto lhe concedera.

Pois, como em 1945 e 1954,

Vivemos períodos de desditas

Das traições e milícias

Cobrindo-nos de queimadas a alma!

Expulsaram, os entreguistas,

Da política brasileira os herdeiros de Getúlio Vargas:

Goulart, Brizola, Darcy Ribeiro.

Aqueles que só queriam: respeito ao trabalhador

E tempo integral nas escolas,

Abertas a todas as crianças.

Vivemos períodos de desditas

Das traições e milícias

Cobrindo-nos de queimadas a alma!

Cidadãos, se ainda existem,

Pois a pedagogia colonial os transformou

Em racistas, oportunistas ou tremendamente pentecostais,

Por que não se afastam dos traidores,

Dos que nos trazem o vírus, o desemprego, a fome

Pois vivemos períodos de desditas

Das traições e milícias

Cobrindo-nos de queimadas a alma!

O original de Villon foi colhido em exemplar numerado, da edição ilustrada por Dubout, em 10 de fevereiro de 1948, na impressora de J. Dumoulin, em Paris.

 

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado

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