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quinta-feira, 28 março, 2024

As histórias macabras da CIA

O assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, anunciou recentemente o recrudescimento de sanções contra o que ele chamou de «forças destrutivas no hemisfério». Com uma fantasia digna de sua execução desajeitada imperial – lembre-se a famosa mentira das «armas biológicas» cubanas, que o fez perder credibilidade – o senhor assessor de «insegurança» se referiu «aos adversários torturados no tristemente célebre Combinado del Este, em Cuba; no Helicoide, da Venezuela, e na prisão de Chipotle, na Nicarágua».
Em Cuba, um prisioneiro nunca foi torturado, nem mesmo aqueles que foram pagos pelo governo dos Estados Unidos e cometeram crimes atrozes contra nosso país; para a Revolução Cubana, o respeito pela integridade e dignidade dos detentos é algo sagrado.
Do Chile ao Iraque, a tortura fez parte da cruzada «pela liberdade» dos EUA. Lembre-se das imagens dantescas de Abu Ghraib ou dos testemunhos dos prisioneiros da base em Guantánamo.
UMA HISTÓRIA DE TORTURAS E EXPERIMENTOS
O trabalho dos serviços especiais norte-americanos para controlar a mente humana, as investigações realizadas com esse objetivo, vão além da lógica e da razão. Projetos como MK-Ultra parecem saídos de um filme de terror ruim, mas foram uma realidade assustadora, arrepiante: experimentos na área do inconsciente humano, testes de medicamentos, drogas, implantes cerebrais, cirurgia, lobotomia, um armazém inteiro de horrores.
O programa MK-Ultra começou sendo Allen Dulles diretor da CIA, em 1953. O primeiro chefe do programa foi Sidney Gottlieb, o principal objetivo era produzir uma droga que forçasse ao sujeito a dizer a verdade, cerca de 150 projetos de pesquisa no programa foram criados, e o objetivo de todos eles ainda não é conhecido.
A tarefa de realizar este projeto correspondeu ao Office of Sicentific Intelligence (OSI), entidade fundada em 1948 que chegou a envolver mais de 30 universidades e centros científicos do país.
Em 1952, o Corpo Químico do Exército contratou uma equipe do Instituto Psiquiátrico de Nova York, para realizar uma série de experimentos em relação à guerra psicoquímica e à dominação da mente humana.
O psiquiatra Paul Hoch esteve encarregado da direção e supervisão destes experimentos. Testaram drogas como o MDA, um derivado da mescalina; forneceram aos pacientes psiquiátricos altas doses de MDA misturadas com LSD e, subsequentemente, foram submetidos a uma lobotomia. A lista de mortos começou a crescer dramaticamente. Mais tarde, o dr. Hoch tornou-se consultor da CIA.
De acordo com informações do The Village Voice, em um desses experimentos, um anestésico local foi administrado a um dos pacientes e ele recebeu uma injeção de alucinógeno. Depois ele foi convidado a ir descrevendo suas experiências visuais, enquanto um cirurgião ia extraindo parte do córtex cerebral.

O senador Ted Kennedy denunciou em 1977 que «o MK-Ultra consistiu em extensas experiências encobertas com drogas que afetavam pessoas de todas as camadas sociais do país, incluindo estrangeiros, que não tinham dado seu consentimento para fazê-lo».
Mas mesmo quando o projeto começou em 1953, desde 1950 no Japão já estavam realizando testes ao vivo, quando agentes da CIA forneceram a alegados agentes duplos uma combinação de anfetaminas e barbitúricos, violando as leis internacionais a este respeito, como o Código de Nuremberg, que expressamente proibia estas práticas desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Alguns dos elementos utilizados no programa foram a radiação e a droga conhecida como LSD. O LSD foi amplamente usado contra o movimento hippie na década de 1960. Especialistas afirmam que grandes quantidades do produto foram distribuídas gratuitamente em shows musicais e encontros de jovens em acampamentos e universidades por agentes da CIA.
Os barbitúricos e anfetaminas combinados também foram usados nos interrogatórios, com uma desvantagem: a morte da pessoa interrogada era muito frequente. Muitas outras drogas foram usadas. Os sujeitos dos testes eram empregados da CIA, médicos, agentes do governo, indigentes, prostitutas, pacientes com doenças mentais. Usaram como cobaias os criminosos comuns, seus próprios soldados e os prisioneiros de guerra, muitas vezes sem que as pessoas envolvidas soubessem o que era feito com eles ou pedissem seu consentimento. O projeto MK-Ultra consumia 6% dos fundos da CIA em 1953.
Naquele mesmo ano, a CIA realizou experimentos com estudantes de Harvard, voluntários pagos que sabiam que poderiam ganhar US$ 25 por dia. Também se pediram voluntários da prisão federal de Lexington, Kentucky, presos que recebiam doses de drogas em troca de sua participação nos experimentos com LSD.
Entre 1967 e 1975, sete tipos de alucinógenos foram testados em Holmsburg, Pensilvânia; um deles, o EA-3167, produziu sicose prolongada em muitas pessoas e episódios sérios de paranoia, com tentativas de suicídio em alguns casos e agressões descontroladas em outros.
No entanto, os resultados esperados não foram alcançados. Os voluntários não permitiram conhecer a extensão total das drogas, então os cientistas da CIA experimentaram seus próprios agentes, que receberam LSD sem serem informados. Depois estenderam o teste para as unidades do exército. Sidney Gottlieb levou para Fort Detrick, Maryland, doses de LSD que foram fornecidas aos militares. Um dos «drogados», o dr. Robert Olson, cientista do Exército dos Estados Unidos, teve uma reação ruim ao LSD e a CIA, em vez de levá-lo a um hospital, transferiu-o para Nova York, na casa de um alergologista, sob o salário da Agência.
Como resultado destas ações, o dr. Olson cometeu suicídio dias depois, mas há um detalhe interessante nesta morte que foi recentemente conhecida, são as confissões feitas pelo dr. Olson sobre as sessões de tortura até a morte realizadas pela CIA na Alemanha e a guerra biológica contra a República Popular Democrática da Coreia, que foram reveladas por um documentário alemão.

No MK-Ultra, participou um importante grupo de ex-cientistas nazistas, especialistas em interrogatórios, tortura e manipulação mental. Muitos destes «homens das ciências» estavam nas listas dos procurados desde o julgamento de Nuremberg, mas estavam salvos nos Estados Unidos, graças à operação Paperclip e à proteção do governo estadunidense.
O HORROR ENCOBRE MAIS HORROR
Entre as áreas de interesse nas pesquisas estava aumentar os efeitos de álcool ou outras drogas, promover a impulsividade das pessoas, desenvolver paranoias, paralisar as pessoas, produzir amnésia, provocar pelo uso de drogas pensamentos ilógicos, manipular a violência, estudar o efeito do ultrassom em conglomerados humanos, além de estudos sobre o câncer e a leucemia.
Um exemplo deste tipo de operação da CIA foi o caso de Paul Robeson, ator, cantor e político radical negro. No livro de Jeffrey St Clair, Serpents in the Garden: Liaisons With Culture & Sex,observa-se que, na primavera de 1961, Robeson queria visitar Havana, conhecer Fidel Castro e Che.
A viagem nunca foi realizada porque o ativista dos direitos civis ficou doente em Moscou, onde foi dar várias palestras e concertos. A imprensa e os parentes foram informados de que ele tinha sofrido um ataque cardíaco, mas na realidade o artista havia cortado seus pulsos em uma tentativa de suicídio depois de sofrer alucinações e depressão grave. Foi levado às pressas a Londres para tratamento, onde foi internado no hospital Priory, onde foi submetido a tratamento com eletrochoque, 54 no total.
Paul Robeson, durante a década de 1950, desfrutou da atenção e estima em todo o mundo, tinha uma relação próxima com Neri, Jomo Kenyatta e outros líderes do Terceiro Mundo. Seu encontro com Fidel em Havana teria enfraquecido seriamente os esforços dos Estados Unidos por isolar o governo cubano.
Sofreu vários acidentes estranhos ao longo de sua vida. Na década de 1950 foi objeto das audiências anticomunistas do senador Joseph McCarthy, o que afetou seriamente sua carreira como ator e cantor nos EUA. O líder afro-americano nunca se recuperou dos tratamentos aplicados em Londres e morreu em 1977.
Mais tarde soube-se que os médicos que trataram Robeson em Londres e depois em Nova York eram contratados da CIA.
Quando da Guerra da Coreia, fizeram com que o público norte-americano acreditasse que as confissões dos pilotos e soldados estadunidenses sobre crimes contra a humanidade, foram devido a técnicas de controle mental desenvolvidas pelos soviéticos para induzi-los a inventar esses crimes, atrocidades que realmente cometia o exército dos EUA contra a população civil coreana.
Estavam obcecados com o «controle» que os soviéticos exerciam sobre as massas, a capacidade de convocação dos países socialistas os preocupava seriamente e começaram a aprofundar na maneira pela qual poderiam ser obtidos resultados mais altos. Acreditavam que esse controle era alcançado artificialmente e não como resultado da convicção revolucionária, da consciência do indivíduo.
A perseverança, a capacidade de resistência e a coragem dos vietnamitas, para alguns dos figurões da CIA e do Pentágono foi motivo de suspeita. Acreditavam que era devido a experimentos realizados pelos soviéticos para «construir» soldados especiais e tiveram a tarefa de fazer super-heróis. Para isso, experimentaram com drogas, ultrassom, implantes no cérebro, lobotomia, etc. Os sujeitos de teste eram geralmente prisioneiros vietnamitas.
Estes exemplos são apenas parte dos capítulos de tortura do império estadunidense.

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