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quinta-feira, 28 março, 2024

As economias que importam

Claudio Mor/Folhapress

Genaldo de Melo

Defender sumariamente apenas as economias de escala num país com as dimensões territoriais como o Brasil, com sua diversidade, suas estruturas culturais e suas tradições na pequena economia comprovadas, não é necessariamente defender a coisa mais certa.

O Brasil por tradição é um país que por sua formação, precisa tanto dos grandes conglomerados econômicos como da absoluta maioria dos médios e pequenos negócios que fazem a economia girar, por mais que não queiram os que defendem no campo da economia a ideia de envolvimento mínimo do Estado.

A narrativa colocada pelos agentes e organismos internacionais do campo econômico de que o Estado não deve intervir na economia no Brasil, mas apenas atuar no campo regulatório, é um grande erro. Aliás, os países que assim fazem jogando essa ideia para os países mais periféricos, diferente do que pregam fortalecem cada vez mais seus Estados, porque sabem que nem todo mundo consegue e nem pode ser empreendedor, pois a grande maioria absoluta da população precisa de trabalho, emprego e renda.

A pandemia do novo coronavírus, mesmo sendo a maior tragédia que atinge todos os setores da sociedade, e especialmente a economia, prova que sem o Estado a sociedade estagna. Ou alguém em sã consciência vai acreditar que os grandes empresários que pregam apenas a ideia de economias de escala vão dividir seus lucros com aqueles que não têm condições nem mesmo de se alimentar?

Deve-se ser muito inocente acreditar que as grandes empresas que querem enfraquecer o papel estatal no fortalecimento das pequenas e médias empresas possam em situação de calamidade social disponibilizar parte de seus lucros para dividir com quem não tem nada.

Então somente o Estado pode e deve ou dividir aquilo que arrecada, ou mesmo criando regras para que o empreendedorismo possa se expandir e gerar tanto as divisas que mantém a sociedade viva como gerar empregos necessários para aqueles que não são empreendedores. É ao Estado que cabe criar políticas públicas para que os negócios, principalmente nos grandes rincões do país possam existir.

Se as economias de escala por si mesmas concentram seu raio de ação em determinados territórios, o Estado fortalecido e responsável tem o papel de fortalecer os pequenos e médios negócios exatamente nos territórios que não são foco dos grandes empreendimentos. Isso porque a pandemia tornou-se o grande “nó górdio” dos empreendedores que atendem com seus produtos e serviços a grande maioria da população, especialmente em cidades de médio e pequeno porte.

Se alguns agentes que coordenam o Estado defendem a ideia de que este não deve ter a responsabilidade pela criação de políticas sociais de emergência ou afirmativas, então que defendam a ideia de que o mesmo trabalhe para que não somente os grandes negócios possam existir, porque estes por si só não podem gerar os empregos necessários para toda a população, bem como que os médios e pequenos empreendimentos possam existir para fazer circular as riquezas em todos os espaços territoriais do país, com  pleno emprego e condições de geração de trabalho e renda para todos.

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