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terça-feira, 16 abril, 2024

Após o COVID, Davos move-se para a “Grande Reinicialização”

Klaus Schwab.

por William Engdahl [*]

Com a presidência de Biden nos EUA, Washington regressou à agenda do Aquecimento Global dos Acordos de Paris. Com a China a anunciar clamorosamente que cumprirá os padrões de emissões de CO2 em 2060, agora o Fórum Económico Mundial está prestes a revelar aquilo que transformará o modo como todos no que Klaus Schwab chama a Grande Reinicialização.

Sem dúvida. Tudo isto ajusta-se dentro de uma agenda que foi planeada durante décadas por antigas famílias ricas tais como Rockefeller e Rothschild. Brzezinski chamou a isto o fim do estado-nação soberano. David Rockefeller chamou-o “governo mundial único”. George H.W. Bush em 1990 chamava a isto Nova Ordem Mundial. Agora podemos ver melhor o que esse plano pretende impor, se o permitirmos.

A Grande Reinicialização (Great Reset) do Fórum Económico Mundial é a manifestação do século XXI para uma nova forma de controlo mundial total.

“Só temos um planeta e sabemos que a alteração climática pode ser o próximo desastre mundial com consequências ainda mais dramáticas para a humanidade. Temos de descarbonizar a economia na pequena janela que ainda existe e voltar a ajustar a nossa mentalidade e o nosso comportamento de harmonia com a Natureza”, declarou Schwab, fundador do Fórum Económico Mundial, quanto à agenda de janeiro de 2021.

A última vez que estes protagonistas fizeram uma coisa de âmbito semelhante foi em 1939 nas vésperas da II Guerra Mundial.

Estudos de Guerra & Paz

Nessa época, a Fundação Rockefeller financiou um grupo de estratégia ultra-secreto que trabalhava para o Council on Foreign Relations de Nova York. Ficou conhecido por Estudos de Guerra e Paz e era chefiado pelo “Haushofer da América”, o geógrafo Isaiah Bowman da Universidade Johns Hopkins. Ainda antes de os tanques alemães Panzer entrarem na Polónia, já estavam a planear um mundo pós-guerra em que os Estados Unidos surgiriam como o único vencedor e substituiriam os britânicos enquanto potência hegemónica mundial.

A formulação de umas Nações Unidas dominadas pelos EUA e a ordem monetária de Bretton Woods, com base no dólar, faziam parte desse projeto. Em 1941, quando a América entrou formalmente na guerra, o grupo do Council on Foreign Relations enviou um memorando ao Departamento de Estado dos EUA.

“Se os objetivos da guerra forem definidos tendo em atenção apenas o imperialismo anglo-americano, pouco oferecerão aos povos do resto do mundo. Deve sublinhar-se os interesses dos outros povos. Isso terá um melhor efeito de propaganda”.

Este projeto cheio de êxito foi o enquadramento daquilo a que Henry Luce, em 1941, chamou o Século Americano, e que durou até há pouco tempo.

Estas mesmas famílias, que incluem de novo a Fundação Rockefeller e os Rothschilds – como Lynn de Rothschild do “Conselho para um Capitalismo Inclusivo no Vaticano” – mobilizam-se para criar a próxima geração no seu objetivo de domínio mundial. Chamam-lhe a Grande Reinicialização. Exige um governo mundial, uma base significativamente avalizada pelo papa jesuíta Francisco. Klaus Schwab, o presidente, é um reconhecido protégé de Henry Kissinger, íntimo de Rockefeller, nos tempos de Harvard, há 50 anos.

“Reconstruir melhor”

Em maio de 2020, já o coronavírus tinha provocado bloqueios de pânico mundial muito depois do surto inicial em Wuhan, o Príncipe Carlos , príncipe herdeiro, juntamente com Klaus Schwan , o fundador do Fórum Económico Mundial, revelou aquilo a que chamaram a Grande Reinicialização. Os líderes políticos e empresariais mundiais usam cada vez mais termos como “a Grande Reinicialização” ou “a Quarta Revolução Industrial” e o apelo para “Reconstruir Melhor”, expressão que a administração Biden prefere. Estão todos pendurados no mesmo conjunto de dramáticas mudanças globais. O Novo Acordo Verde dos EUA e o Acordo Verde Europeu da União Europeia fazem parte disso.

O facto mais marcante da agenda da Grande Reinicialização é que ela está a ser promovida pelas mesmas famílias plutocratas extremamente ricas, responsáveis pelos erros do atual modelo económico mundial. Foram elas, e não nós, que criaram a ruína dos campos orgânicos e da Natureza com os seus pesticidas tóxicos de glifosatos Roundup. Deram cabo da qualidade do ar nas nossas cidades, com os modelos de transporte que nos impuseram. Criaram o modelo global de “mercado livre” que arruinou a base industrial dos Estados Unidos e das nações industriais da União Europeia. Agora, enquanto nos culpam pela alegada emissão catastrófica de CO2, estamos a ser condicionados a aceitar essa culpa e a ser punidos a fim de “salvar a próxima geração” para a Greta e os seus amigos.

A 4.ª Revolução Industrial

Por detrás da retórica sedutora dos Poderes Estabelecidos para a criação de um mundo “sustentável”, existe um programa de cru despovoamento eugénico numa escala nunca antes tentada. Não é humana, na verdade há quem lhe chame “transumana”.

Em 2016, o presidente Schwab do Fórum Económico Mundial escreveu um livro intitulado Shaping the Future of The Fourth Industrial Revolution . Nele, descreve as mudanças tecnológicas decorrentes dos telefones inteligentes 5G da 4.ª Revolução Industrial, da Internet das Coisas e da Inteligência Artificial que ligam tudo a todas as coisas para tomar por nós as nossas decisões mais banais, como comprar mais leite ou apagar o fogão. Ao mesmo tempo, os dados são centralizados em empresas privadas, como a Google ou o Facebook para controlar cada inspiração que fazemos.

Schwab descreve como as tecnologias de nova geração, já aproveitadas pela Google, pela Huawei, pelo Facebook e por muitos outros, permitirão que os governos “se imiscuam no espaço até hoje privado do nosso espírito, lendo os nossos pensamentos e influenciem os nossos comportamentos… As tecnologias da Quarta Revolução Industrial não se deterão depois de passarem a ser uma parte do mundo físico à nossa volta – passarão a fazer parte de nós”, disse Schwab. Os dispositivos exteriores de hoje – dos computadores portáteis aos auriculares de realidade virtual – certamente passarão a ser implantáveis no nosso corpo e cérebro”.

Schwab acrescenta “A quarta revolução industrial levar-nos-á a uma fusão da nossa identidade física, digital e biológica”. Entre estas tecnologias de fusão estão ” microchips ativos implantáveis que rompem as barreiras da pele do nosso corpo”, explicou Schwab. Estes ” dispositivos implantáveis provavelmente também ajudarão a comunicar os pensamentos normalmente expressos verbalmente, através de um smartphone “embutido”, e possivelmente pensamentos ou sentimentos não expressos através da leitura de ondas cerebrais e de outros sinais.” Não sei o que pensam disto, mas eu não me sinto muito satisfeito por pensar que o Google lê as minhas ondas cerebrais.

O controlo da nossa comida

O aspeto confuso para muita gente é a pletora de grupos na linha da frente, nas ONG e nos programas que têm todos o mesmo objetivo: o drástico controlo de todos os membros da sociedade em nome da sustentabilidade – a Agenda 2030 das Nações Unidas. Em parte alguma é mais assustadora do que nos seus planos para o futuro da nossa alimentação. Depois de criar o atual sistema de agricultura industrial globalizada, a agroindústria, um projeto iniciado nos anos 50 pela Fundação Rockefeller, os mesmos círculos defendem agora uma agricultura “sustentável” que significará uma mudança para alimentos geneticamente modificados, carnes sintéticas e coisas afins fabricadas em laboratório, inclusive vermes e sementes como novas fontes de alimentação.

Schwab, do Fórum Económico Mundial, fez uma parceria com uma coisa chamada EAT Forum, que se descreve como um “Davos para a alimentação” que pretende “estabelecer a agenda política”. O EAT foi criado na Suécia em 2016 com o apoio do Wellcome Trust do Reino Unido (instituído com fundos do GlaxoSmithKline) e o Instituto Alemão Potsdam para a Investigação do Impacto Climático. Carnes sintéticas de modificação genética feitas em laboratório estão a ser apoiadas, entre outros, por Bill Gates , o mesmo que apoia a Moderna e outras vacinas geneticamente modificadas. A EAT trabalha, entre outras, com Impossible Foods e outras empresas biotécnicas. A Impossible Foods foi inicialmente fundada também pela Google, por Jeff Bezos e por Bill Gates . Recentes resultados laboratoriais mostraram que a carne artificial da empresa continha níveis tóxicos de glifosatos 11 vezes mais elevados do que o seu concorrente mais próximo.

Em 2017, a EAT lançou a FReSH (Reforma Alimentar para Sustentabilidade e Saúde) com o apoio da Bayer AG, um dos produtores de pesticidas mais tóxicos do mundo e de OGM que é atualmente proprietária da Monsanto; a Syngenta, uma gigantesca OGM, produtora de pesticidas, a Cargill, a Unilever, a DuPont e até a Google. É este o futuro alimentar planeado ao abrigo da Grande Reinicialização. Esqueçam o tradicional agricultor familiar.

No seu livro de 2020 sobre A Grande Reinicialização , Schwab argumenta que a biotecnologia e os alimentos geneticamente modificados serão um pilar central para os problemas de escassez alimentar mundial, problemas que a COVID exacerbou. Defende os OGM e em especial a controversa modificação genética. Escreve que “a segurança alimentar mundial só será conseguida se as regulamentações quanto aos alimentos geneticamente modificados se adaptarem para refletir a realidade de que a modificação genética oferece um método preciso, eficaz e seguro de melhorar as colheitas”. Gates, parceiro do projeto com Schwab há anos, defendeu o mesmo.

A EAT desenvolveu aquilo a que se refere como “a dieta planetária saudável”, que o Fórum Económico Mundial defende como a “solução da dieta sustentável do futuro”. Mas, segundo Federic Leroy, professor de ciência alimentar e biotecnologia na Universidade de Bruxelas, “A dieta visa reduzir a carne e os laticínios na população mundial até 90% nalguns casos e substituí-los por alimentos, cereais e óleos feitos em laboratório”.

Como tudo o mais na Grande Reinicialização, não teremos possibilidade de escolha nos alimentos. A EAT menciona que se imporá por “intervenções de política rígida, que incluem leis, medidas fiscais, subsídios e penalizações, reconfiguração comercial e outras medidas económicas e estruturais”. Todos seremos forçados a comer a mesma dieta sintética ou morrer à fome.

Isto é apenas uma pequena parte do que está a ser preparado por conta dos bloqueios e colapso económico da COVID-19 e 2021 será um ano decisivo para esta agenda anti-humana. A introdução da IA, dos robôs e de outras tecnologias digitais possibilitarão que os Poderes Estabelecidos disponham de centenas de milhões de locais de trabalho. Contrariamente à propaganda, os novos postos de trabalho não serão suficientes. Cada vez seremos mais “redundantes”.

 

Tudo isto parece demasiado surrealista até lermos as descrições deles. O facto de a cabala das empresas e dos multimilionários mais influentes do mundo se sentarem na direção do Fórum Económico Mundial com Klaus Schwab, aluno de Kissinger, juntamente com o chefe da ONU e do FMI, com os CEO dos maiores gigantes financeiros do mundo, incluindo Blackrock, BlackStone, Christine Lagarde do Banco Central Europeu, David Rubenstein do grupo Carlyle, Jack Ma , o maior multimilionário da China, é prova suficiente de que este Grande Reinício não está a ser feito tendo em conta os nossos interesses, apesar das suas palavras doces. Esta agenda distópica é 1984 com esteróides. O COVID-19 foi meramente o prelúdio.

27/Janeiro/2021

[*] Consultor de risco e palestrante, licenciado em política pela Universidade de Princeton, autor de livros sobre petróleo e geopolítica , colabora exclusivamente com a revista online “New Eastern Outlook” onde foi publicado inicialmente este artigo.

Ver também:

Agora em Davos vem “Grande Reinício” da economia global O que acontece depois da Pandemia de COVID-19?

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/after-covid-davos-moves-great-reset/5735441 .

Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em https://resistir.info

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