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K. Bhadrakumar [*]
As observações do Presidente russo Vladimir Putin na sua reunião com ministros do governo na quinta-feira foram os seus primeiros comentários sobre as “sanções do inferno” do Ocidente. Elas focaram-se quase inteiramente “num conjunto de medidas para minimizar as consequências das sanções sobre a economia russa e o povo do nosso país”.
A prioridade número um de Putin é manter-se responsável perante o seu povo. Ao contrário do seu homólogo norte-americano, Joe Biden, Putin não sente necessidade de se destacar, dada a sua elevada taxa de aprovação superior a 70%.
O paradoxo é que, enquanto os países ocidentais que impuseram as sanções estão a passar por paroxismos de angústia, preocupações e síndromes de ansiedade, a “vítima”, a Rússia, parece indiferente e está a adaptar-se calmamente ao “novo normal”. O contraste não poderia ser mais acentuado.
Sem dúvida, o Kremlin preparou-se minuciosamente para as sanções ocidentais. O Primeiro-Ministro Mikhail Mishustin disse a Putin que uma “sede especial” entrou em ação para coordenar as atividades de todos os departamentos, inclusive a nível regional. Ele disse: “Estão a ser dados passos para proteger as áreas mais vulneráveis, sector por sector”. Os “objetivos centrais” são:
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“proteger o mercado interno”;
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assegurar o funcionamento ininterrupto das empresas, eliminando as perturbações na logística e nas cadeias de produção;
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ajudar as pessoas e as empresas a adaptarem-se rapidamente às circunstâncias em mudança; e,
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manter o emprego.