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sábado, 20 abril, 2024

A CENSURA DO PERVERSO

Se a má fé está à espreita e o mundo turvo no qual vivemos nos grunhe e mostra as presas, aposto naquele adágio que diz: a censura do perverso é o mais certeiro elogio

por: Madeleine Sautié | madeleine@granma.cu

Gasto por tê-lo lido tantas vezes, continua sendo imprescindível para mim aquele livro de fábulas que ganhei de presente na minha infância. Entre os textos que contém, há um deles que diariamente vem me advertindo, talvez porque estamos vivendo tempos em que a sordidez se acirra e quer pela força ganhar apoiantes.

Conta que um lobo falava horrores acerca de um cachorro, adicionando à reputação do cachorro uma longa lista de impropérios. Uma raposa o escutou e disse para os seus botões: espera que um tolo acredite em você, / cachorro que é acusado por um lobo / deve ser um cachorro íntegro.

O moral esmagador da fábula concluía dizendo: Em caso próspero ou adverso / jamais deverias de esquecer, / que é um elogio bem cumprido / a censura do perverso.

Se a má fé está à espreita e o mundo turvo no qual vivemos nos grunhe e mostra as presas, aposto naquele adágio que diz: a censura do perverso é o mais certeiro elogio. Caso assumi-lo, isso não servisse para neutralizar totalmente a calúnia, pelo menos será de grande valor tê-lo ao alcance de nossas mãos, quando a reprimenda queira macular os gestos limpos. Sob a sua égide será mais fácil tomar partido e robustecer posturas, para jamais claudicar quando o caminho escolhido esteja enfeitado com os ícones inconfundíveis do bem.

Há pessoas para as quais o equilíbrio do mundo não vai mais além dos seus sucessos pessoais, circunscritos, quase sempre, à solvência material. E tem outros que, incapazes de se perturbarem, diante das queixas do planeta, optam pela indiferença. Outros, de alma maior, calibram a cena. Sabem que não basta para estar bem o bem-estar próprio e se acolhem ao ditame martiano, que nega aos homens íntegros o direito ao repouso, enquanto houver uma obra para fazer. São esses que não aceitam aquela neutralidade da que falou Eduardo Galeano, os que se resistem aos atropelos e não aceitam o inaudito.

Diariamente se produzem desvergonhas. Sem apenas serem sufocadas as existentes, no ventre imperial estão se gerando outras novas contra os justos, contra os povos, contra as pátrias. Aqueles que evadem as causas coletivas, viram a cara, para não ver, supondo mal!, que isso não os afeta. Os outros elevam a voz, juntam forças, procuram agir.

Cuba e a sua Revolução sofrem como nunca antes uma ofensiva midiática que procura «pintar» a realidade da Ilha com tons faltos de pigmentação, que desvirtuam a sua verdade e a beleza da sua resistência. Para desacreditá-la lançam mentiras acerca dela, tergiversam o humanismo dos seus projetos, tentam tornar invisíveis as suas conquistas, põem o dedo em suas fragilidades, escondem suas façanhas. Diante da falta de argumentos, questionam, assanham-se, manipulam, violentam, sancionam.

Cegos pela cobiça, cerceam as alturas. Por isso, procuram predispor os povos com mentiras acerca dos médicos cubanos, satanizar aquele que tente assombrar seus apetites avarentos, demonizar quem se atreva a admirar-nos, tirar o mérito a tudo aquilo que cheire a humanidade.

Em um mundo onde o horror está vigente, as posturas retas vão receber uivos. Tenhamos isso em conta, se ao defendermos o justo somos mal vistos. Quando o perverso nos está julgando, isso é um sinal de que estamos indo bem.

 

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