Presidente Vladimir Putin, Kremlin Website (tradução de trabalho, não oficial, para finalidades acadêmicas)
“Efeito de décadas de propaganda hollywoodiana, muita gente em países ‘ocidentais’ ainda crê que os EUA teriam feito a maior parte do serviço de derrotar os nazistas na 2ª Guerra Mundial. Nada poderia estar mais longe da verdade.”
Moon of Alabama in “Putin sobre a 2ª Guerra Mundial”.[1]
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Passaram 75 anos, desde o fim da Grande Guerra Patriótica. Várias gerações cresceram ao longo dos anos. O mapa político do planeta mudou. A União Soviética, que alcançou vitória épica e esmagadora sobre o nazismo e salvou o mundo inteiro, desapareceu. Além disso, os acontecimentos dessa guerra há muito que se tornaram memória distante, mesmo para os seus participantes. Então, por que a Rússia celebra o dia 9 de Maio como seu mais importante feriado? Por que a vida quase para, dia 22 de Junho? E por que se sente um soluço subir pelo peito?
Diz-se que a guerra deixou marca profunda na história de todas as famílias. Por detrás dessas palavras, há destinos de milhões de pessoas, sofrimentos e a dor da perda. Por detrás destas palavras, há também o orgulho, a verdade e a memória.
Para os meus pais, a guerra significou as terríveis provações do Cerco de Leningrado, onde morreu Vitya, de dois anos, meu irmão. Foi onde minha mãe só se salvou por milagre. Meu pai, apesar de dispensado do serviço militar ativo obrigatório, alistou-se como voluntário para defender a sua cidade natal. Tomou a mesma decisão que milhões de cidadãos soviéticos. Lutou na Cabeça de Ponte do Neva e foi gravemente ferido. E quanto mais passam os anos, mais sinto a necessidade de falar com os meus pais e aprender mais sobre o período de guerra da vida deles. Mas já não posso fazê-lo. Por isso guardo no meu coração as conversas que tive sobre esse assunto com meu pai e minha mãe.
Como tantos da minha idade, creio que é importante que os nossos filhos, netos e bisnetos compreendam o tormento e as dificuldades pelas quais passaram os seus antepassados. É necessário que compreendam como seus antepassados conseguiram perseverar e venceram.
De onde veio aquela força de vontade pura e inflexível que espantou e fascinou o mundo inteiro? Claro, defendiam seus lares, filhos, entes queridos e famílias. Mas o que partilhavam entre eles e os unia era o amor pela pátria, por sua Pátria Mãe. Esse sentimento profundo e íntimo reflete-se plenamente na própria essência da nossa nação e tornou-se um dos fatores decisivos na luta heroica e sacrificial contra os nazistas.
Frequentemente há quem pergunte: O que faria a geração de hoje? Como agirá quando confrontada com uma situação de crise? Vejo jovens médicos, enfermeiros, por vezes recém-formados, que vão para a “zona vermelha” para salvar vidas. Vejo os nossos militares que combatem o terrorismo internacional no Cáucaso do Norte, e lutam sem descanso na Síria. São tão jovens. Muitos militares que faziam parte da lendária e imortal 6ª Companhia de Paraquedistas tinham 19, 20 anos. E todos eles provaram que mereciam herdar o feito dos guerreiros da nossa pátria que a defenderam durante a Grande Guerra Patriótica.
Por isso creio confiantemente que uma das características dos povos da Rússia é cumprir sem autopiedade o próprio dever, quando as circunstâncias assim o exigem. Valores como altruísmo, patriotismo, amor ao lar, à família e à pátria continuam a ser, até hoje, fundamentais e integrais, para a sociedade russa. Esses valores são, em grande medida, a espinha dorsal da soberania do nosso país.
Hoje em dia, temos novas tradições criadas pelo povo – dentre as quais o Regimento Imortal – a marcha que simboliza a nossa gratidão e a ligação viva, e os laços de sangue que ligam as gerações. Milhões de pessoas saem à rua exibindo as fotografias dos respectivos familiares que defenderam a pátria de todos e derrotaram os nazis. Significa que todas essas pessoas, as provações, os sacrifícios que suportaram – e a Vitória que nos legaram – nunca serão esquecidas.
Temos a responsabilidade ante nosso passado e nosso futuro, de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar que essas terríveis tragédias voltem a acontecer. Por isso, me vi obrigado publicar um artigo sobre a 2ª Guerra Mundial e a Grande Guerra Patriótica. Discuti esta ideia em várias ocasiões com os líderes mundiais, e eles mostraram o seu apoio. Na reunião de cúpula da Comunidade de Estados Independentes (CEI, ing. CIS), realizada no final do ano passado, todos concordamos num ponto coisa: é essencial transmitir às gerações futuras a clara memória de que os nazistas foram derrotados, sobretudo, por todo o povo soviético; e de que os representantes de todas as repúblicas da União Soviética lutaram lado a lado nessa heroica batalha, na linha da frente e na retaguarda. Durante aquela reunião de cúpula, falei também com os meus homólogos sobre o difícil período que antecedeu a guerra.
Essa conversa provocou alvoroço na Europa e no mundo. Significa que, de fato, é mais que hora de revisitarmos as lições do passado. Ao mesmo tempo, registaram-se muitas explosões emocionais, inseguranças mal disfarçadas e acusações altissonantes. Agindo por hábito, alguns políticos apressaram-se a declarar que a Rússia estaria tentando reescrever a história. Mas não conseguiram refutar um fato nem sequer um único argumento. É de fato difícil, se não impossível, argumentar com os documentos originais que, a propósito, podem ser encontrados não só em russo, mas também em arquivos estrangeiros.
É portanto necessário, sim, examinar mais profundamente as razões que provocaram a 2ª Guerra Mundial e refletir sobre os seus complicados eventos, tragédias e vitórias, e sobre as suas lições, tanto para o nosso país como para o mundo inteiro. E, como já disse, é crucial confiar exclusivamente nos documentos de arquivo e nas provas contemporâneas, evitando sempre especulações ideológicas ou politizadas.
Gostaria de recordar uma vez mais o fato óbvio. As causas profundas da 2ª Guerra Mundial decorrem sobretudo das decisões tomadas após a 1ª Guerra Mundial. O Tratado de Versailles tornou-se símbolo de grave injustiça contra a Alemanha. Basicamente, implicava que o país seria roubado, forçado a pagar enormes indenizações aos aliados ocidentais que haviam drenado a economia alemã.
O Marechal francês Ferdinand Foch, que serviu como Comandante Supremo Aliado, fez descrição profética desse Tratado: “Isso não é paz. É armistício para vinte anos”.
A humilhação nacional tornou-se terreno fértil para sentimentos radicais na Alemanha, e impulsos de vingancismo. Os nazistas operaram habilmente com as emoções do povo e construíram a sua propaganda sobre a promessa de libertar a Alemanha do “legado de Versalhes” e de devolver ao país o antigo poder. Essas promessas essencialmente empurraram o povo alemão para a guerra.
Paradoxalmente, os Estados ocidentais, em particular o Reino Unido e os EUA, contribuíram para isso, direta ou indiretamente. Empresas financeiras e industriais norte-americanas e britânicas investiram ativamente em fábricas e usinas alemãs produtoras de armamentos e suprimentos militares. Além disso, muitas pessoas da aristocracia e do establishment político apoiaram movimentos radicais, de extrema-direita e nacionalistas que estavam em ascensão, na Alemanha e na Europa.
A “ordem mundial de Versalhes” causou numerosas controvérsias implícitas e conflitos aparentes. Giravam em torno das fronteiras dos novos Estados europeus estabelecidas aleatoriamente pelos vencedores da 1ª Guerra Mundial. Essa delimitação de fronteiras foi quase imediatamente seguida por disputas territoriais e reivindicações mútuas, que se transformaram em “bombas-relógio”.
Um dos principais resultados da Primeira Guerra Mundial foi a criação da Liga das Nações. Havia grandes expectativas de que essa organização internacional garantiria paz duradoura e segurança coletiva. Era ideia progressista que, a ser seguida de forma consistente, poderia efetivamente evitar que se repetissem os horrores de uma guerra mundial.
Mas a Liga das Nações dominada pelas potências vencedoras, França e Reino Unido revelou-se ineficaz e acabou por deixar-se submergir em discussões inúteis. A Liga das Nações e o continente europeu em geral fizeram ouvidos de mercador aos repetidos apelos da União Soviética para que se estabelecesse um sistema equitativo de segurança coletiva e para que se assinassem um pacto da Europa Oriental e um pacto do Pacífico para impedir agressões. Estas propostas não foram aceitas.
A Liga das Nações tampouco conseguiu evitar conflitos em várias partes do mundo, como o ataque da Itália à Etiópia, uma guerra civil na Espanha, a agressão japonesa à China e o Anschluss [Anexação] da Áustria. Além disso, no caso da Traição de Munique que, além de Hitler e Mussolini, envolveu dirigentes britânicos e franceses, a Checoslováquia foi desmembrada, com total aprovação da Liga das Nações.
Quanto a isso, gostaria de salientar que, ao contrário de muitos outros líderes europeus da época, Stálin não se autodesgraçou por se encontrar com Hitler, que era conhecido entre as nações ocidentais como político bastante respeitável, convidado sempre bem-vindo nas capitais europeias.
A Polônia também esteve envolvida na divisão da Checoslováquia, juntamente com a Alemanha. Juntas decidiram antecipadamente quem ficaria com os territórios da Checoslováquia. Em 20 de Setembro de 1938, o embaixador polaco na Alemanha, Józef Lipski, informou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Polônia, Józef Beck, sobre as seguintes garantias dadas por Hitler: “…em caso de conflito entre a Polônia e a Checoslováquia por causa dos nossos interesses em Teschen, o Reich estaria ao lado da Polônia”. O líder nazista chegou a incitar e aconselhou que a Polônia só começasse a agir “depois de os alemães ocuparem as [montanhas] Sudetes”.
A Polônia estava ciente de que, sem o apoio de Hitler, seus planos anexacionistas estavam condenados ao fracasso. A esse respeito, gostaria de citar o registo de uma conversa entre o Embaixador alemão em Varsóvia, Hans-Adolf von Moltke e Józef Beck, que teve lugar em 1º de Outubro de 1938 e que se centrou nas relações polaco-checas e na posição da União Soviética nessa matéria. Diz o seguinte: “O Sr. Beck expressou verdadeira gratidão pelo tratamento leal concedido aos interesses polacos na conferência de Munique, bem como pela sinceridade das relações durante o conflito checo. O Governo e a opinião pública [da Polônia] apreciaram plenamente a atitude do Führer e do Chanceler”.
A divisão da Checoslováquia foi brutal e cínica. Munique destruiu até as garantias formais e frágeis que ainda existiam no continente. Mostrou que os acordos mútuos não tinham qualquer valor. Essa Traição de Munique serviu de “gatilho” e tornou inevitável a grande guerra na Europa.
Hoje, os políticos europeus, em particular os dirigentes polacos, querem varrer a Traição de Munique para debaixo do tapete. Por quê? O fato de seus países já terem quebrado seus compromissos e apoiado a Traição de Munique, tendo alguns deles até participado na divisão da herança, não é a única razão. Outra razão é que durante aqueles dias dramáticos de 1938, a União Soviética foi a única a defender a Checoslováquia – o que até hoje é bem embaraçoso recordar.
A União Soviética, em conformidade com as suas obrigações internacionais, incluindo acordos com a França e a Checoslováquia, tentou impedir que a tragédia acontecesse. Mas a Polônia, perseguindo os próprios interesses, fazia tudo que estivesse ao seu alcance para impedir que se estabelecesse um sistema de segurança coletiva na Europa. O Ministro dos Negócios Estrangeiros polaco Józef Beck escreveu diretamente sobre esse assunto em carta de 19 de Setembro de 1938 ao citado embaixador Józef Lipski, antes do encontro com Hitler: “…no ano passado, o Governo polaco rejeitou quatro vezes a proposta de se juntar à ação internacional em defesa da Checoslováquia”.
O Reino Unido, como a França que, àquela altura, era o principal aliado de checos e eslovacos, optou por retirar s suas garantias e abandonar esse país da Europa Oriental à própria sorte. Ao fazê-lo, procuraram dirigir a atenção dos nazistas para Leste, para que Alemanha e União Soviética inevitavelmente se confrontassem e sangrassem-se mutuamente, até se exaurirem ambos os países.
Era essa a essência da política ocidental de “apaziguamento”, que era promovida não só em direção ao Terceiro Reich, mas também em direção a outros participantes do chamado Pacto Anti-Comintern – a Itália fascista e o Japão militarista. No Extremo Oriente, essa política culminou com a celebração do acordo anglo-japonês no verão de 1939, que deu a Tóquio liberdade para agir na China. As principais potências europeias não estavam dispostas a reconhecer o perigo mortal para todo o mundo, que a Alemanha e os seus aliados representavam. Esperavam que elas próprias, principais potências europeias ficassem intocadas pela guerra.
A Traição de Munique mostrou à União Soviética que os países ocidentais tratariam as questões de segurança sem ter em conta os interesses dos soviéticos. Na verdade, se necessário, poderiam criar até uma frente antissoviéticos.
A União Soviética, por sua vez, fez todo o possível para aproveitar qualquer oportunidade para criar uma coligação anti-Hitler. Apesar – repito – de os países ocidentais negociarem com os dois lados. Por exemplo, os serviços secretos informaram pormenorizadamente os dirigentes soviéticos sobre os contatos nos bastidores entre o Reino Unido e a Alemanha, no verão de 1939. O importante é que esses contatos foram bastante ativos e praticamente coincidiram com as negociações tripartidas entre França, Grã-Bretanha e URSS, as quais, pelo contrário, foram deliberadamente prolongadas pelos parceiros ocidentais. A esse respeito, cito um documento dos arquivos britânicos. Contém instruções para a missão militar britânica que veio a Moscou em agosto de 1939. Nele se afirma diretamente que a delegação deveria manter as negociações muito lentas, e que o Governo do Reino Unido não estava disposto a assumir quaisquer obrigações especificadas em pormenor e nem limitaria a própria liberdade de ação, em nenhum caso.
Registro também que, ao contrário das delegações britânica e francesa, a delegação soviética era chefiada por altos comandantes do Exército Vermelho, que tinham a necessária autoridade para “assinar uma convenção militar sobre a organização da defesa militar da Inglaterra, da França e da URSS contra a agressão na Europa”.
A Polônia também desempenhou o seu papel no fracasso dessas negociações, uma vez que não queria ter quaisquer obrigações para com o lado soviético.
Mesmo sob pressão dos seus aliados ocidentais, os dirigentes polacos rejeitaram a ideia de uma ação conjunta com o Exército Vermelho para lutar contra a Wehrmacht. Só quando souberam da chegada de J. Ribbentrop a Moscou é que J. Beck, relutante e não diretamente, mas através de diplomatas franceses, notificou o lado soviético: “… em caso de ação conjunta contra a agressão alemã, a cooperação entre Polônia e União Soviética, sujeita a condições técnicas a acordar, não está fora de questão”. Ao mesmo tempo, explicou aos próprios colegas: “… Só concordei com essa formulação para bem da tática, e a nossa posição central em relação à União Soviética é definitiva e permanece inalterada”.
Nessas circunstâncias, a União Soviética assinou com a Alemanha o Pacto de Não Agressão. Foi praticamente o último entre os países europeus a assiná-lo. Além disso, a assinatura aconteceu frente à ameaça real de guerra em duas frentes – contra a Alemanha a oeste, e contra o Japão a leste, onde já havia intensos combates no rio Khalkhin Gol.
Stálin e a sua entourage merecem, de fato, muitas críticas legítimas. Recordamos os crimes cometidos pelo regime contra o próprio povo e o horror da repressão em massa. Por outras palavras, há muitas coisas pelas quais os líderes soviéticos podem ser censurados, mas a má compreensão da natureza das ameaças externas não é uma delas. Os dirigentes soviéticos viram as muitas tentativas para deixar a União Soviética sozinha na resistência contra Alemanha e aliados. Tendo em conta essa ameaça real, os soviéticos procuraram ganhar o precioso tempo necessário para reforçar as defesas do país.
Atualmente, ouvimos muitas especulações e acusações contra a Rússia moderna relacionadas com o Pacto de Não Agressão assinado naquele momento. Sim, a Rússia é o Estado sucessor legal da URSS, e o período soviético – com todos os seus triunfos e tragédias – é parte inalienável da nossa história de mil anos. No entanto, permitam-me que recorde também que a União Soviética produziu uma avaliação jurídica e moral do chamado Pacto Molotov-Ribbentrop. O Soviete Supremo, em Resolução de 24 de Dezembro de 1989 denunciou oficialmente os protocolos secretos como “ato de poder pessoal” que, de forma alguma, refletia “a vontade do povo soviético, que não tem qualquer responsabilidade por este conluio”.
No entanto, outros Estados preferem esquecer os acordos nos quais se veem as assinaturas dos nazistas e dos políticos ocidentais, para não falar da avaliação jurídica ou política dessa cooperação, incluindo a aquiescência silenciosa – ou mesmo a incitação direta – de alguns políticos europeus aos planos bárbaros dos nazistas.
Basta recordar a cínica frase proferida pelo embaixador polaco na Alemanha, J. Lipski, em conversa com Hitler, dia 20 de Setembro de 1938: “…para resolver o problema judeu, nós [os polacos] construiremos em sua honra (…) um esplêndido monumento em Varsóvia”.
Não há outros meios para saber se houve “protocolos” ou anexos a acordos secretos de alguns países com os nazistas. Só nos resta crer no que dizem eles mesmos. Em particular, materiais relativos às conversações secretas anglo-alemãs ainda não tiveram levantado o sigilo.
Por isso, instamos todos os Estados a intensificarem o processo de tornar públicos os seus arquivos e de publicar documentos ainda desconhecidos sobre a guerra e os períodos anteriores à guerra – como a Rússia tem feito em anos recentes. Nesse contexto, estamos prontos para uma ampla cooperação e projetos de investigação conjuntos que envolvam historiadores.
Mas voltemos aos acontecimentos imediatamente anteriores à 2ª Guerra Mundial. Foi ingenuidade acreditar que Hitler, depois de liquidar a Checoslováquia, não faria novas reivindicações territoriais. Dessa vez, as reivindicações envolveram o seu próprio recente cúmplice no esfacelamento da Checoslováquia – a Polônia. Aqui, o legado de Versalhes, nomeadamente o destino do chamado Corredor de Danzig, foi mais uma vez utilizado como pretexto. A culpa da tragédia que a Polônia então sofreu é inteiramente dos dirigentes polacos, que impediram a formação de uma aliança militar entre Grã-Bretanha, França e União Soviética e contaram com a ajuda dos parceiros ocidentais, jogando o próprio povo para debaixo do rolo compressor da máquina de destruição de Hitler.
A ofensiva alemã foi montada em total conformidade com a doutrina da Guerra Relâmpago [al. blitzkrieg]. Apesar da resistência feroz e heroica do exército polaco, em 8 de Setembro de 1939 – apenas uma semana após o início da guerra – as tropas alemãs aproximavam-se de Varsóvia. A 17 de Setembro, os líderes militares e políticos da Polônia tinham fugido para a Romênia, traindo o próprio povo, que continuava a lutar contra os invasores.
A esperança da Polônia, de que receberia ajuda dos seus aliados ocidentais, era vã. Depois de a guerra contra a Alemanha ter sido declarada, as tropas francesas avançaram apenas algumas dezenas de quilômetros sobre o território alemão. Tudo teve ares de mera demonstração de força. Além disso, o Conselho Superior de Guerra Anglo-Francês, que realizou a sua primeira reunião em 12 de Setembro de 1939, na cidade francesa de Abbeville, decidiu cancelar totalmente a ofensiva, tendo em conta a rápida evolução da situação na Polônia. Foi então que começou a infame Falsa Guerra.
O que a Grã-Bretanha e a França fizeram foi trair acintosamente as obrigações que assumira com a Polônia.
Mais tarde, durante os Julgamentos de Nuremberg, generais alemães explicaram o seu rápido sucesso no Leste. O ex-Chefe de Operações do Alto Comando das Forças Armadas alemãs, Alfred Jodl, admitiu: “… não sofremos a derrota já em 1939 apenas porque cerca de 110 divisões francesas e britânicas estacionadas no Ocidente contra 23 divisões alemãs durante a nossa guerra com a Polônia permaneceram absolutamente ociosas”.
Pedi que fossem retirados dos arquivos de todo o corpo de materiais relativos aos contatos entre a URSS e a Alemanha nos dramáticos dias de Agosto e Setembro de 1939. De acordo com os documentos, o parágrafo 2 do Protocolo Secreto ao Pacto de Não Agressão Germano-Soviético de 23 de Agosto de 1939 afirmava que, em caso de reorganização territorial-política dos distritos que constituem o Estado polaco, a fronteira entre as esferas de interesse dos dois países correria “aproximadamente ao longo dos rios Narew, Vistula e San”. Em outras palavras, a esfera de influência soviética incluía não só os territórios que eram na sua maioria o lar da população ucraniana e bielorrussa, mas também as terras historicamente polacas entre os rios Vístula e Bug. Bem poucos, hoje em dia, conhecem esse fato.
Assim também, muito poucos sabem que, imediatamente após o ataque à Polônia, nos primeiros dias de setembro de 1939, Berlim apelou forte e repetidamente a Moscou para que se juntasse à ação militar. Mas os dirigentes soviéticos ignoraram esses apelos e planejaram evitar, tanto quanto possível, envolver-se naqueles acontecimentos dramáticos.
Só quando ficou absolutamente claro que Grã-Bretanha e França não ajudariam o próprio aliado, e que a Wehrmacht poderia ocupar rapidamente toda a Polônia, aparecendo assim nas aproximações a Minsk, é que a União Soviética decidiu enviar, na manhã de 17 de Setembro, unidades do Exército Vermelho para as chamadas linhas fronteiriças orientais (Kresy), que hoje fazem parte dos territórios da Bielorrússia, da Ucrânia e da Lituânia.
Obviamente, não havia alternativa. Caso contrário, a URSS enfrentaria sérios riscos acrescidos porque – repito – a antiga fronteira URSS-Polônia ficava a apenas algumas dezenas de quilômetros de Minsk. O país teria de entrar na inevitável guerra com os nazistas, a partir de posições estratégicas muito desvantajosas, enquanto milhões de pessoas de diferentes nacionalidades, incluindo os judeus que vivem perto de Brest e Grodno, Przemyśl, Lvov e Wilno, seriam deixados para morrer nas mãos dos nazistas e dos seus cúmplices locais – antissemitas e nacionalistas radicais.
O fato de a União Soviética ter procurado evitar pelo tempo mais longo possível, envolver-se no conflito crescente e de não estar disposta a lutar lado a lado com a Alemanha foi a razão pela qual o verdadeiro contato entre tropas soviéticas e alemãs ocorreu muito mais a leste do que as fronteiras acordadas no protocolo secreto. Não foi no rio Vístula, mas mais perto da chamada Linha de Curzon, que em 1919 foi recomendada pela Tríplice Entente como fronteira oriental da Polônia.
Como é sabido, não se usa o modo subjuntivo, ao falar de acontecimentos passados. Direi apenas que, em Setembro de 1939, a liderança soviética teve oportunidade de deslocar as fronteiras ocidentais da URSS ainda mais para oeste, até Varsóvia, mas decidiu-se contra a mudança.
Os alemães sugeriram que se formalizasse o novo status quo. Em 28 de Setembro de 1939, J. Ribbentrop e V. Molotov assinaram em Moscou o Tratado de Fronteira e Amizade entre Alemanha e União Soviética, bem como o protocolo secreto sobre a alteração da fronteira estatal, segundo o qual a fronteira foi reconhecida na linha de demarcação em que se encontravam de fato os dois exércitos.
No Outono de 1939, a União Soviética, prosseguindo os seus objetivos estratégicos militares e defensivos, iniciou o processo de incorporação da Letônia, da Lituânia e da Estônia. A adesão desses países à URSS foi implementada em base contratual, com o consentimento das autoridades eleitas – em conformidade com o direito internacional e estatal da época. Além disso, em Outubro de 1939, a cidade de Wilno e arredores, que anteriormente faziam parte da Polônia, foram devolvidos à Lituânia. As repúblicas bálticas na URSS preservaram os órgãos governamentais e o idioma, e tinham representação nas entidades governamentais superiores da União Soviética.
Durante todos esses meses, houve luta diplomática e político-militar invisível e atividade dos serviços secretos. Moscou compreendeu que enfrentava inimigo feroz e cruel e que já estava em curso uma guerra encoberta contra o nazismo. E não havia motivo para tomar declarações oficiais e notas protocolares formais dessa época como prova de “amizade” entre URSS e Alemanha. A União Soviética mantinha contatos comerciais e técnicos ativos não só com a Alemanha, mas também com outros países. Hitler por seu lado tentava repetidamente atrair a União Soviética para a confrontação da Alemanha com o Reino Unido. Mas o Governo soviético manteve-se firme.
A última tentativa de persuadir a URSS a agir em conjunto foi feita por Hitler durante a visita de Molotov a Berlim, em Novembro de 1940. Mas Molotov seguiu rigorosamente as instruções de Stálin e limitou-se a uma discussão geral sobre a ideia alemã da adesão da União Soviética ao Pacto Triparte assinado pela Alemanha, Itália e Japão em Setembro de 1940 e dirigido contra o Reino Unido e os EUA.
Não admira que já em 17 de novembro Molotov tenha dado as seguintes instruções ao representante plenipotenciário soviético em Londres Ivan Maisky: “Para sua informação… Não foi assinado nem se previa que fosse assinado em Berlim. Acabamos de mudar nossos pontos de vista em Berlim…e foi tudo. Alemães e japoneses parecem ansiosos para nos empurrar para o Golfo e para a Índia. Declinamos a discussão desse assunto por considerarmos inadequados tais conselhos alemães”. E, em 25 de Novembro, os dirigentes soviéticos encerraram o assunto, ao apresentarem oficialmente a Berlim as condições inaceitáveis para os nazistas, incluindo a retirada das tropas alemãs da Finlândia, o tratado de assistência mútua entre a Bulgária e a URSS, e uma série de outros. Assim, excluiu deliberadamente qualquer possibilidade de adesão ao Pacto. Essa posição moldou definitivamente a intenção do Führer de desencadear uma guerra contra a URSS. E já em Dezembro, descartando conselhos dos próprios estrategistas sobre o desastroso perigo de uma guerra de duas frentes, Hitler aprovou a Operação Barbarossa. Fez isso sabendo que a União Soviética era a principal força que lhe fazia frente na Europa e que a iminente batalha no Leste decidiria o resultado da guerra mundial. E não tinha dúvidas quanto à rapidez e ao sucesso da campanha de Moscou.
E aqui gostaria de salientar o seguinte: países ocidentais, de fato, concordaram naquele momento com as ações soviéticas e reconheceram a intenção da União Soviética de garantir a própria segurança nacional. Com efeito, já em 1º de Outubro de 1939, Winston Churchill, o Primeiro Lord do Almirantado naquele momento, dizia em fala pelo rádio: “A Rússia tem seguido uma política fria de interesse próprio… Mas que os exércitos russos deveriam manter-se nessa linha [o que significa a nova fronteira ocidental] era claramente necessário para a segurança da Rússia contra a ameaça nazista”. Em 4 de Outubro de 1939, falando na Câmara dos Lordes, o Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Lord Halifax, disse: “…convém recordar que as ações do Governo Soviético foram deslocar a fronteira essencialmente para a linha recomendada na Conferência de Versalhes por Lord Curzon… Cito apenas fatos históricos e acredito que são indiscutíveis”. O proeminente político e estadista britânico David Lloyd George salientou: “Os exércitos russos ocuparam os territórios que não são polacos e foram confiscados à força pela Polônia após a Primeira Guerra Mundial … Seria ato insanidade criminosa colocar o avanço russo ao mesmo nível do alemão”.
Em comunicações informais com o representante plenipotenciário soviético Ivan Maisky, políticos e diplomatas britânicos de alto nível falaram ainda mais abertamente. Em 17 de Outubro de 1939, o subsecretário de Estado dos Negócios Estrangeiros R. A. Butler confidenciou-lhe que os círculos governamentais britânicos acreditavam que não se tratava do regresso da Ucrânia Ocidental e da Bielorrússia à Polônia. Segundo ele, se tivesse sido possível criar uma Polônia etnográfica de dimensão modesta, com uma garantia não só da URSS e da Alemanha, mas também da Grã-Bretanha e da França, o Governo britânico dar-se-ia por satisfeito. Em 27 de Outubro de 1939, o conselheiro superior de Neville Chamberlain, Horace Wilson, afirmou que a Polônia tinha de ser restaurada como Estado independente com base etnográfica, mas sem a Ucrânia Ocidental e a Bielorrússia.
Vale a pena notar que, no decurso dessas conversações, foram também exploradas as possibilidades de melhorar as relações entre Reino Unido e União Soviética. Esses contatos lançaram em grande medida as bases para uma futura aliança e coligação anti-Hitler. Winston Churchill destacou-se dentre políticos responsáveis e clarividentes e, apesar da sua infame antipatia pela URSS, tinha sido a favor da cooperação com os soviéticos mesmo antes. Em Maio de 1939, disse na Câmara dos Comuns: “Estaremos em perigo de vida se não conseguirmos criar uma Grande Aliança contra a agressão”. A pior loucura… seria… afastar qualquer cooperação natural com a Rússia soviética”. E após o início das hostilidades na Europa, na sua reunião com Ivan Maisky, em 6 de Outubro de 1939, confidenciou que não havia contradições graves entre o Reino Unido e a URSS; e que, por conseguinte, não havia razões para relações tensas ou insatisfatórias. Referiu também que o Governo britânico estava ansioso por desenvolver relações comerciais e disposto a discutir quaisquer outras medidas que pudessem melhorar as relações.
A 2ª Guerra Mundial não aconteceu da noite para o dia, nem teve início inesperadamente ou de repente. E a agressão alemã contra a Polônia não surgiu do nada. Foi o resultado de uma série de tendências e fatores na política mundial daquela época. Todos os acontecimentos que antecederam a guerra foram postos em prática para formar uma cadeia fatal. Mas, sem dúvida, os principais fatores que predeterminaram a maior tragédia da história da humanidade foram o egoísmo de Estado, a covardia, conluio com o agressor, que ganhava força e a relutância das elites políticas em procurar um acordo.
Por conseguinte, é injusto afirmar que a visita de dois dias do Ministro dos Negócios Estrangeiros nazistas J. Ribbentrop a Moscou teria sido a principal razão para o início da 2ª Guerra Mundial. Todos os países líderes são, em certa medida, responsáveis por isso. Cada um deles cometeu erros fatais, acreditando arrogantemente que poderiam enganar os outros, assegurar vantagens unilaterais para si próprios ou manter-se afastados da catástrofe global iminente. E essa miopia, a recusa de criar um sistema de segurança coletiva custou milhões de vidas e perdas tremendas.
Não pretendo de modo nenhum, ao dizer isso, assumir o papel de juiz, acusar ou absolver seja quem for, menos ainda iniciar uma nova rodada de confrontos internacionais de informação no domínio histórico, que poderá colocar os países e os povos na linha da frente. Penso que cabe à Academia, com ampla coleção de especialistas respeitados de diferentes países do mundo, procurar uma avaliação equilibrada do que aconteceu. Todos nós precisamos da verdade e da objetividade. Pela minha parte, sempre encorajei os meus colegas a construir diálogo calmo, aberto e baseado na confiança, a olhar para o passado comum de forma autocrítica e imparcial. Essa abordagem permitirá não repetir os erros antes cometidos e assegurar desenvolvimento pacífico e bem-sucedido nos anos vindouros.
No entanto, muitos dos nossos parceiros ainda não estão preparados para trabalho conjunto. Pelo contrário, no esforço para alcançar seus objetivos, aumentam o número e o alcance dos ataques de informação contra o nosso país, tentando fazer-nos oferecer desculpas e sentirmo-nos culpados. Adoptam declarações totalmente hipócritas e de motivação política.
Por exemplo, a resolução sobre a importância da memória europeia para o futuro da Europa, aprovada pelo Parlamento Europeu em 19 de Setembro de 2019, acusou diretamente a URSS – juntamente com a Alemanha nazista – de ter desencadeado a 2ª Guerra Mundial. Desnecessário dizer que não há qualquer menção a Munique.
Entendo que essa “papelada” – pois não posso considerar essa resolução como documento –, que claramente se destina a provocar escândalo, vem carregada de ameaças reais e perigosas. Com efeito, foi adoptado por instituição altamente respeitável. E o que mostrou?
Lamentavelmente, revelou política deliberada para destruir a ordem mundial do pós-guerra, cuja criação foi questão de honra e de responsabilidade para os países, cujos representantes votaram hoje a favor dessa resolução enganosa. Assim, contestaram as conclusões do Tribunal de Nuremberg e os esforços da comunidade internacional para criar, após a vitória de 1945, instituições internacionais universais.
Permitam-me recordar a esse respeito que o próprio processo de integração europeia que levou à criação de estruturas relevantes, inclusive do Parlamento Europeu, só se tornou possível devido aos ensinamentos extraídos do passado e à correta avaliação jurídica e política daqueles ensinamentos. E aqueles que deliberadamente desmontaram esse consenso minaram os alicerces de toda a Europa do pós-guerra.
Essa atitude, além de constituir ameaça aos princípios fundamentais da ordem mundial, levanta também algumas questões morais e éticas. É mesquinho profanar e insultar a memória dos povos.
A mesquinhez pode ser deliberada, hipócrita e muito intencional, como quando as declarações que comemoram o 75º aniversário do fim da 2ª Guerra Mundial mencionam todos os participantes na coligação anti-Hitler, exceto a União Soviética.
A mesquinhez pode ser covarde, como quando monumentos erguidos em honra daqueles que lutaram contra o nazismo são demolidos e esses atos vergonhosos são justificados pelos falsos slogans da luta contra uma ideologia indesejável e uma suposta ocupação.
A mesquinhez também pode ser sangrenta, como na situação em que aqueles que se manifestam contra os neonazistas e os sucessores de Bandera são mortos e queimados. Mais uma vez, a mesquinhez pode aparecer sob manifestações diferentes – o que não a torna menos repugnante.
Negligenciar as lições da história conduz inevitavelmente a duro revide.
Defenderemos firmemente a verdade com base em fatos históricos documentados. Os russos continuaremos honestos e imparciais em relação aos acontecimentos da 2ª Guerra Mundial. Inclui-se aí um projeto em grande escala para estabelecer a maior coleção russa de registos de arquivo, filmes e material fotográfico sobre a história da 2ª Guerra Mundial e do período pré-guerra.
Esse trabalho já está em curso. Muitos materiais novos, recentemente descobertos ou que acabam de ser liberados do sigilo foram também utilizados na preparação deste artigo. Nesse contexto, posso afirmar com toda a responsabilidade que não existem documentos de arquivo que confirmem a suposição de que a URSS tenha pretendido iniciar guerra preventiva contra a Alemanha. A liderança militar soviética seguiu efetivamente uma doutrina segundo a qual, em caso de agressão, o Exército Vermelho enfrentaria prontamente o inimigo, entraria na ofensiva e guerrearia em território inimigo. Contudo, tais planos estratégicos não implicavam qualquer intenção de atacar a Alemanha, se não houvesse agressão.
Evidentemente, os documentos de planejamento militar, as cartas de instrução dos quartéis-generais soviético e alemão estão agora à disposição dos historiadores. Afinal conhecemos o verdadeiro curso dos acontecimentos. Da perspectiva desse conhecimento, muitos argumentam sobre as ações, erros e juízos errados da liderança militar e política do país. A esse respeito, digo o seguinte: a par de um enorme fluxo de desinformação de vários tipos, os líderes soviéticos receberam também informações verdadeiras sobre a próxima agressão nazista. E, nos meses que antecederam a guerra, tomaram medidas para melhorar a preparação do país para o combate, incluindo o recrutamento secreto de uma parte dos responsáveis pelo serviço militar para treino militar e a redistribuição de unidades e reservas dos distritos militares internos para as fronteiras ocidentais.
A guerra não chegou de surpresa. As pessoas esperavam-na, preparando-se para ela. Mas o ataque nazista foi verdadeiramente sem precedentes em termos de poder destrutivo. Em 22 de Junho de 1941, a União Soviética enfrentou o exército mais forte, mais mobilizado e mais qualificado do mundo, com o potencial industrial, econômico e militar de quase toda a Europa a trabalhar para ele. Não só a Wehrmacht, mas também os satélites alemães, contingentes militares de muitos outros Estados do continente europeu, participaram naquela invasão mortífera.
As derrotas militares mais graves de 1941 colocaram o país à beira da catástrofe. O poder e o controle do combate tiveram de ser restaurados por meios extremos, da mobilização nacional e da intensificação de todos os esforços do Estado e da população. No Verão de 1941, milhões de cidadãos, centenas de fábricas e de indústrias começaram a ser evacuados sob fogo inimigo para o leste do país. A produção de armas e munições que tinham começado a ser fornecidas à frente de combate já no primeiro Inverno de confrontos, foi deslocada para atrás das linhas, o mais rapidamente possível; e, em 1943, a URSS ultrapassou as taxas de produção militar da Alemanha e aliados.
O tremendo poder da sociedade soviética, unida pelo desejo de proteger a terra natal, mobilizou-se contra os poderosos armados até os dentes e sua máquina nazista de invasão a sangue frio. Levantou-se para se vingar do inimigo, que tinha quebrado e espezinhado a vida pacífica, os planos e as esperanças do povo.
Evidentemente, o medo, a confusão e o desespero apoderavam-se de algumas pessoas durante essa guerra terrível e sangrenta. Houve traição e deserção. As duras divisões causadas pela revolução e pela Guerra Civil, o niilismo, o escárnio da história nacional, das tradições e da fé que os bolcheviques tentaram impor, especialmente nos primeiros anos após a chegada ao poder – tudo isto teve o seu impacto. Mas a atitude geral dos cidadãos soviéticos e dos nossos compatriotas que se encontravam no estrangeiro era diferente – salvar e proteger a Pátria Mãe. Foi impulso real e irreprimível. As pessoas procuravam apoio em verdadeiros valores patrióticos.
Os ‘estrategistas’ nazistas estavam convencidos de que conseguiriam pôr de joelhos um vasto Estado multinacional. Pensavam que a súbita eclosão da guerra, a impiedade e as insuportáveis dificuldades da guerra inevitavelmente exacerbariam as dificuldades das relações entre etnias. E que o país poderia ser dividido em pedaços. Hitler afirmou claramente: “Nossa política em relação aos povos que vivem na vastidão da Rússia deveria ser a de promover qualquer forma de desacordo e divisão.”
Mas desde os primeiros dias ficou claro que o plano nazista falhara. A Fortaleza de Brest foi protegida até à última gota de sangue pelos seus defensores, que representavam mais de 30 etnias. Ao longo da guerra – tanto em batalhas decisivas em grande escala como na proteção de cada base, de cada metro de terra natal – vemos exemplos dessa unidade.
A região do Volga e os Urais, a Sibéria e o Extremo Oriente, as repúblicas da Ásia Central e da Transcaucásia tornaram-se lar de milhões de evacuados. Os seus habitantes partilharam tudo o que tinham e prestaram todo o apoio que puderam. A amizade dos povos e a ajuda mútua tornaram-se verdadeira fortaleza que o inimigo não conseguiu destruir.
A União Soviética e o Exército Vermelho, independentemente do que alguém tente provar hoje, foram os principais e crucialmente decisivos agentes, para a derrota do nazismo. Foram heróis que lutaram até ao fim rodeados pelo inimigo em Bialystok e Mogilev, Uman e Kiev, Vyazma e Kharkov. Lançaram ataques perto de Moscou e de Stalingrado, Sevastopol e Odessa, Kursk e Smolensk. Libertaram Varsóvia, Belgrado, Viena e Praga. Assaltaram Koenigsberg e Berlim.
Lutamos por uma verdade genuína, não envernizada ou branqueada sobre a guerra. Essa verdade nacional, humana, que é dura, amarga e impiedosa, foi-nos transmitida por escritores e poetas que atravessaram o fogo dos infernos das provações no front. Para a minha geração, bem como para muitas outras, as suas histórias honestas e profundas, romances, prosa de trincheiras perfurantes e poemas deixaram a marca indelével na alma. Honrar os veteranos que fizeram tudo o que puderam pela Vitória e rememorar os que morreram no campo de batalha passou a ser nosso dever moral.
E hoje, as linhas simples e essencialmente grandes do poema de Alexander Tvardovsky “Fui morto perto de Rzhev …”, dedicado aos participantes da sangrenta e brutal batalha da Grande Guerra Patriótica no centro da linha de frente soviético-alemã, são espantosas. Só nas batalhas por Rzhev e pelo Rzhev Salient, de Outubro de 1941 a Março de 1943, o Exército Vermelho perdeu 1.342.888 pessoas, incluindo feridos e desaparecidos em combate. Pela primeira vez, chamo a atenção para estes números terríveis, trágicos e longe de estarem completos, recolhidos de fontes de arquivo. Faço-o para honrar a memória do feito de heróis conhecidos e sem nome, que, por diversas razões, foram pouco ou nada falados nos anos do pós-guerra.
Permitam-me que cite outro documento. Trata-se de um relatório de Fevereiro de 1945 sobre a reparação a ser cobrada da Alemanha, elaborado pela Comissão Aliada para as Reparações, chefiada por Ivan Maisky. A tarefa da Comissão consistia em definir uma fórmula segundo a qual a Alemanha derrotada teria de pagar os danos sofridos pelas potências vencedoras. A Comissão concluiu que “o número de dias de soldados passados pela Alemanha na frente soviética é pelo menos dez vezes superior ao de todas as outras frentes aliadas”. A frente soviética teve também de lidar com quatro quintos dos tanques alemães e cerca de dois terços dos aviões alemães”. No conjunto, a URSS foi responsável por cerca de 75% de todos os esforços militares empreendidos pela Coligação Anti-Hitler. Durante o período de guerra, o Exército Vermelho “deteve” 626 divisões dos Estados do Eixo, das quais 508 eram alemãs.
Em 28 de Abril de 1942, Franklin D. Roosevelt afirmou em discurso à nação americana: “Essas forças russas destruíram e estão destruindo mais poder armado dos nossos inimigos – tropas, aviões, tanques e armas – do que todas as outras Nações Unidas juntas”. Winston Churchill, na mensagem a Joseph Stalin de 27 de Setembro de 1944, escreveu que “foi o exército russo que arrancou as entranhas da máquina militar alemã…”.
Essa avaliação ressoou em todo o mundo. Porque essas palavras são a grande verdade, da qual ninguém então duvidou. Quase 27 milhões de cidadãos soviéticos perderam a vida nos fronts, nas prisões alemãs, morreram de fome e foram bombardeados, morreram em guetos e fornos dos campos de morte nazistas. A URSS perdeu um em cada sete dos seus cidadãos; o Reino Unido perdeu um de cada 127, e os EUA perderam um de cada 320 cidadãos. Infelizmente, esse não é o número total definitivo das perdas mais difíceis e dolorosas da União Soviética. O trabalho meticuloso deve prosseguir para restaurar os nomes e destinos de todos os que pereceram – soldados do Exército Vermelho, partidários, combatentes clandestinos, prisioneiros de guerra e campos de concentração, e civis mortos pelos esquadrões da morte. Esse é dever nosso. Papel especial coube aqui aos membros do movimento de busca, associações militares patrióticas e voluntárias, projetos como a base de dados eletrônica “Pamyat Naroda” (Memória do Povo), que contém documentos de arquivo. E, certamente, é necessária uma estreita cooperação internacional para levar a cabo tarefa humanitária que interessa a todos.
A vitória foi resultado dos esforços de todos os países e povos que lutaram contra um inimigo comum. O exército britânico protegeu sua pátria da invasão, lutou contra os nazistas e seus satélites no Mediterrâneo e no Norte de África. As tropas norte-americanas e britânicas libertaram a Itália e abriram a 2ª Frente. Os Estados Unidos fizeram ataques poderosos e esmagadores contra o agressor no Oceano Pacífico. Recordamos os enormes sacrifícios feitos pelo povo chinês e seu grande papel na derrota dos militaristas japoneses. Não esqueçamos os combatentes da Fighting France, que não caíram na vergonhosa capitulação e continuaram a lutar contra os nazistas.
Seremos também sempre gratos pela assistência que recebemos dos Aliados, no fornecimento de munições, matérias-primas, alimentos e equipamento ao Exército Vermelho. E essa ajuda foi significativa – cerca de 7% do total da produção militar da União Soviética.
O núcleo da Coligação Anti-Hitler começou a tomar forma imediatamente após o ataque à União Soviética, onde os Estados Unidos e a Grã-Bretanha a apoiaram incondicionalmente na luta contra a Alemanha de Hitler. Na Conferência de Teerã, em 1943, Stálin, Roosevelt e Churchill formaram uma aliança de grandes potências, concordaram em elaborar uma diplomacia de coligação e uma estratégia conjunta na luta contra uma ameaça mortal comum. Os líderes dos Três Grandes tinham um claro entendimento de que a unificação das capacidades industriais, de recursos e militares de URSS, EUA e Reino Unido dariam supremacia incontestada sobre o inimigo.
A União Soviética cumpriu plenamente as obrigações que tinha com seus aliados e ofereceu sempre uma mão amiga. Assim, o Exército Vermelho apoiou o desembarque das tropas anglo-americanas na Normandia, levando a cabo uma Operação Bagration, de grande escala, na Bielorrússia. Em Janeiro de 1945, depois de terem atravessado o rio Oder, nossos soldados puseram fim à última ofensiva poderosa da Wehrmacht na Frente Ocidental na [floresta de] Ardennes. Três meses após a vitória sobre a Alemanha, a URSS, em plena conformidade com os acordos de Ialta, declarou guerra ao Japão e derrotou o exército de Kwantung, de um milhão de soldados.
Em Julho de 1941, os dirigentes soviéticos declararam que “o objetivo da guerra contra os opressores fascistas não era apenas eliminar a ameaça que pairava sobre o nosso país, mas também ajudar todos os povos da Europa que sofriam sob o jugo do fascismo alemão”.
Em meados de 1944, o inimigo foi expulso de praticamente todo o território soviético. Mas o inimigo tinha de ser destruído no seu covil. E assim o Exército Vermelho iniciou a sua missão de libertar a Europa. Salvou nações inteiras da destruição e do escravizamento, e do horror do Holocausto. Foram salvas à custa de centenas de milhares de vidas de soldados soviéticos.
É igualmente importante não esquecer a enorme assistência material que a URSS prestou aos países libertados, para eliminar a ameaça da fome e para reconstruir as respectivas economias e infraestruturas. Essas medidas já estavam implantadas, enquanto as cinzas ainda cobriam milhares de quilômetros, de Brest até Moscou e ao Volga. Por exemplo, em Maio de 1945, o Governo austríaco pediu assistência alimentar à URSS, uma vez que “não tinha ideia de como alimentar a própria população nas sete semanas antes da nova colheita”. O Chanceler do Governo Provisório da República Austríaca, Karl Renner, descreveu o consentimento dos dirigentes soviéticos para enviar alimentos como ato de salvação que os austríacos nunca esqueceriam.
Os Aliados criaram conjuntamente o Tribunal Militar Internacional para punir os criminosos políticos e de guerra nazistas. Suas decisões incluíam clara qualificação jurídica de crimes contra a humanidade – dentre os quais genocídio, limpeza étnica e religiosa, antissemitismo e xenofobia. O Tribunal de Nuremberg condenou também diretamente e sem ambiguidades os cúmplices dos nazistas, colaboradores de vários tipos.
Esse fenômeno vergonhoso manifestou-se em todos os países europeus. Figuras como Pétain, Quisling, Vlasov, Bandera, seus capangas e seguidores – embora disfarçados de combatentes pela independência nacional ou de resistentes contra o comunismo – são traidores e carniceiros. Em termos de desumanidade, frequentemente excederam o mal de seus senhores. No desejo de servir, como parte de grupos punitivos especiais, executaram de boa vontade as ordens mais desumanas. Foram responsáveis por acontecimentos sangrentos como o tiroteio de Babi Yar, o massacre de Volhynia, incendiaram Khatyn, destruíram judeus na Lituânia e na Letônia.
Nossa posição permanece inalterada até hoje. Não pode haver desculpa para os atos criminosos dos colaboradores nazistas, não há limitação de tempo para eles.
É, pois, desconcertante que, em certos países, os que se imiscuíram na cooperação com os nazistas passem repentinamente a ser equiparados a veteranos da 2ª Guerra Mundial.
Entendo que é inaceitável equiparar libertadores a ocupantes. Só posso considerar a glorificação dos colaboradores nazistas como traição à memória dos nossos pais e avôs –, traição aos ideais que uniram os povos na luta contra o nazismo.
Nessa altura, os dirigentes da URSS, dos EUA e do Reino Unido enfrentaram, sem exagero, uma tarefa histórica. Stálin, Roosevelt e Churchill representavam países com ideologias, aspirações de Estado, interesses, culturas diferentes, mas demonstraram poderosa vontade política, ergueram-se acima das contradições e preferências e punham em primeiro plano os verdadeiros interesses da paz. Como resultado, conseguiram chegar a um acordo e alcançar solução da qual se beneficiou toda a humanidade.
As potências vencedoras deixaram-nos um sistema que é a quintessência da busca intelectual e política de vários séculos. Uma série de conferências – Teerã, Ialta, São Francisco e Potsdam – lançaram as bases de um mundo que viveu 75 anos sem conflagração mundial, apesar das mais profundas contradições.
O revisionismo histórico, cujas manifestações hoje observamos no Ocidente, sobretudo no que respeita ao tema da 2ª Guerra Mundial e aos seus resultados, é perigoso, porque distorce grosseira e cinicamente o significado dos fundamentos do desenvolvimento pacífico, estabelecidos nas conferências de Ialta e São Francisco em 1945.
O grande feito histórico de Ialta e de outras cúpulas da época é o acordo para criar um mecanismo que permitiria às principais potências permanecerem no quadro da diplomacia, para resolverem divergências.
O século XX trouxe conflitos globais em grande escala e abrangentes e, em 1945, entraram também em cena armas nucleares capazes de destruir fisicamente a Terra. Em outras palavras, a via da força para resolver conflitos tornou-se proibitivamente perigosa. Os vitoriosos da 2ª Guerra Mundial bem o compreenderam. Compreenderam e conscientizaram-se da responsabilidade que passavam a ter na preservação da humanidade.
A tradição de cautela da Liga das Nações foi tida em conta em 1945. A estrutura do Conselho de Segurança da ONU foi desenvolvida de modo a tornar as garantias de paz tão concretas e eficazes quanto possível. Assim nasceu a instituição dos membros permanentes do Conselho de Segurança e o direito de veto, como seu privilégio e responsabilidade.
O que é o poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas? Para dizer sem rodeios: é a única alternativa razoável a um confronto direto entre os grandes países. É a declaração, por uma das cinco potência, que uma decisão é inaceitável para ele e contrária aos seus interesses e às suas ideias sobre a abordagem correta. E outros países, mesmo que não estejam de acordo, tomam essa posição como fato consumado, abandonando quaisquer tentativas de levar adiante seus esforços unilaterais. Significa que, de uma forma ou de outra, é necessário ceder.
Um novo confronto global começou quase imediatamente após o fim da 2ª Guerra Mundial e foi, por vezes, muito feroz. E o fato de a Guerra Fria não se ter transformado na 3ª Guerra Mundial tornou-se um testemunho claro da eficácia dos acordos celebrados pelos Três Grandes. As regras de conduta acordadas durante a criação das Nações Unidas tornaram possível minimizar ainda mais os riscos e manter o confronto sob controle.
Evidentemente, podemos constatar que o sistema das Nações Unidas experimenta atualmente uma certa tensão e não é tão eficaz quanto poderia ser. Mas a ONU continua a desempenhar a sua função principal. Os princípios do Conselho de Segurança das Nações Unidas são mecanismo único para evitar guerra de grandes proporções ou um conflito global.
Os apelos que têm sido feitos com bastante frequência nos últimos anos no sentido de abolir o poder de veto, de negar oportunidades especiais aos membros permanentes do Conselho de Segurança, são, na verdade, irresponsáveis. Afinal de contas, se acontecer, as Nações Unidas tornar-se-ão, na sua essência, a Liga das Nações – reunião para conversas vazias, sem qualquer influência sobre os processos mundiais. E sabemos bem como acabou. Por isso as potências vencedoras abordaram a formação do novo sistema da ordem mundial com a máxima seriedade, procurando evitar que se repetissem os erros cometidos pelos seus antecessores.
A criação do moderno sistema de relações internacionais é um dos principais resultados da 2ª Guerra Mundial. Nem as contradições mais intransponíveis – geopolíticas, ideológicas, econômicas – impedem-nos de encontrar formas de coexistência e interação pacíficas, se houver o desejo e a vontade de o fazer. O mundo atravessa hoje um período bastante turbulento. Tudo está mudando, do equilíbrio global de poder e influência até os fundamentos sociais, econômicos e tecnológicos das sociedades, nações e mesmo de continentes. Em épocas passadas, mudanças de tal magnitude quase nunca aconteceram sem grandes conflitos militares. Sem uma luta de poder para construir uma nova hierarquia global. Graças à sabedoria e clarividência das figuras políticas das Potências Aliadas, foi possível criar um sistema que se autoimpediu de manifestações extremas dessa competição objetiva, historicamente inerente ao desenvolvimento mundial.
É dever nosso – de todos aqueles que assumem a responsabilidade política e, sobretudo, dos representantes das potências vencedoras da 2ª Guerra Mundial – garantir a manutenção e o aprimoramento desse sistema. Hoje, como em 1945, é importante demonstrar vontade política e discutir o futuro em conjunto. Os nossos colegas – senhores Xi Jinping, Macron, Trump e Johnson – apoiaram a iniciativa russa de realizar uma reunião dos líderes dos cinco Estados detentores de armas nucleares, membros permanentes do Conselho de Segurança. Somos gratos a eles por isso e esperamos que essa reunião presencial possa ter lugar o mais rapidamente possível.
Qual é a nossa visão sobre a agenda da próxima reunião de cúpula? Em primeiro lugar, na nossa opinião, seria útil discutir medidas para desenvolver princípios coletivos nos assuntos mundiais. Falar francamente das questões de preservar a paz, de reforçar a segurança global e regional, de fazer o controle das armas estratégicas, dos esforços conjuntos na luta contra o terrorismo, o extremismo e outros grandes desafios e ameaças.
Ponto especial da agenda da reunião é a situação da economia mundial. E, sobretudo, a superação da crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus. Os nossos países têm tomado medidas sem precedentes para proteger a saúde e a vida das pessoas e para apoiar os cidadãos que se viram em situações de vida difíceis. Nossa capacidade de trabalhar em conjunto e em concertação, como verdadeiros parceiros, mostrará a gravidade do impacto da pandemia e a rapidez com que a economia global emergirá da recessão. Além disso, é inaceitável transformar a economia em instrumento de pressão e de confronto. As questões populares incluem a proteger o ambiente e resistir aos efeitos da mudança climática, bem como garantir a segurança do espaço global da informação.
A agenda proposta pela Rússia para a próxima reunião cimeira dos Cinco é extremamente importante e relevante tanto para os nossos países como para o mundo inteiro. Temos ideias e iniciativas específicas sobre todos os pontos.
Não há dúvida de que a Reunião de Cúpula de Rússia, China, França, dos EUA e Reino Unido desempenhará papel importante para que se encontrem respostas comuns aos desafios e ameaças atuais e demonstrará um empenho comum no espírito de aliança, nos elevados ideais e valores humanistas pelos quais os nossos pais e avós lutaram ombro a ombro.
Com base numa memória histórica partilhada, podemos confiar uns nos outros e devemos fazê-lo. Essa será uma base sólida para o êxito das negociações e da ação concertada com vista a reforçar a estabilidade e a segurança no planeta, em prol da prosperidade e do bem-estar de todos os Estados. Sem exageros, é nosso dever e responsabilidade comum para com os povos do mundo, para com as gerações presentes e futuras.*******