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terça-feira, 19 março, 2024

2022: ANO DE CENTENÁRIOS E DÉCADAS DO PÁTRIA LATINA A COMEMORAR  

Pedro  Augusto Pinho*

Neste ano o Brasil comemora o bicentenário da Independência. Para esta efeméride, há pouco o que festejar. Embora tenha sido produzido para nossa Pátria, pelo talento do Patriarca José Bonifácio de Andrada e Silva, o primeiro Projeto para o Brasil, a mesquinhez e covardia dos Bragança impediram, com o golpe na Constituinte de 1823, sua efetivação. 

Os melhores momentos da construção nacional, a Era Vargas e seu prosseguimento com os governos militares de Médici e Geisel, estão atualmente em processo de total liquidação. Quer pela total displicência administrativa, quer pela intencional alienação aos interesses financistas estrangeiros. 

Para dar consistência a nossa afirmação confrontemos duas pesquisas sobre os gastos com necessidades básicas da população, realizados em 1939 (início dos programas de Getúlio Vargas) e 1952 (quando Vargas retorna eleito à Presidência). Seria muito oportuno se o IBGE atualizasse esta pesquisa para 2022. 

Incluem-se nas despesas básicas os gastos com a alimentação, habitação, vestuário, transporte e saúde, foram pesquisadas seis capitais, relacionando a percentagem das receitas dos trabalhadores com suas despesas básicas: 

Cidades        Despesas Básicas 1939     Despesas Básicas 1952 

Curitiba ……………………   95,6% ………………………….  78,8% 

Maceió ……………………. 104,4% ………………………….  75,2% 

Porto Alegre …………….  103,9% ………………………….  69,6% 

Recife ……………………..  108,7% ………………………….  78,9% 

Rio de Janeiro (DF)……    95,5% …………………………   77,4% 

São Paulo ………………..  101,2% ………………………….  79,7% 

Apenas em Curitiba e na Capital Federal, em 1939, os ganhos dos trabalhadores cobriam suas despesas, nas outras capitais eles viviam nas mãos de agiotas ou deixando dívidas. Com as políticas de Vargas, em 13 anos, esta situação reverteu (Guerreiro Ramos, A Redução Sociológica, MEC – ISEB, RJ, 1958). 

A esta política de Vargas dá-se o nome nacional-trabalhista. Uma construção ideológica nacional, que seus opositores, os “0,5% ricos” da população, com os “1,5% que vivem bem”, como os habitantes de Escada (Pernambuco) no “Um discurso em mangas de camisa”, de Tobias Barreto, publicado no Jornal do Recife, em 1877 (textosdefilosofiabrasileira.blogspot.com/2014/07/um-discurso-em-mangas-de-camisa.html) tudo fizeram e fazem para destruir. 

Desta semente dois frutos completam um século em 2022: Leonel de Moura Brizola (22/01/1922-21/06/2004) e Darcy Ribeiro (26/10/1922-17/02/1997). O primeiro, engenheiro, líder nacionalista, o único político eleito pelo povo para governar dois Estados diferentes em toda História do Brasil, o segundo, gênio da antropologia e da pedagogia, cientista político, professor e senador, genial exegeta do nosso País.  

E, entre tais gigantes, completam décadas: Alberto Guerreiro Ramos e os 40 anos do falecimento. Além da primorosa análise da organização e da administração pública brasileira, nos deixou roteiros seguros para investigação sociológica. O baiano Guerreiro Ramos morreu no exílio, ao fim voluntário, em Los Angeles (Califórnia, EUA), em 06/04/1982, com 66 anos. E 20 anos do surgimento do Portal Pátria Latina, editado pelo baiano Valter Xéu. 

Cuidemos de comentar a longevidade do Pátria Latina. 

Em fevereiro de 2002, ainda impresso, sai, no primeiro número, artigo do jornalista Beto Almeida sobre a “Comunicação e cultura versus tirania do mercado”. Era a certidão de nascimento de um órgão de imprensa que daria a visão do mundo pelos olhos brasileiros. Antecipava a verdadeira batalha que os países travam neste século XXI, não entre si, porém com o dominador global – “mercado”.  

“À luz da redução sociológica, toda produção estrangeira é, em princípio, subsidiária” (Guerreiro Ramos); e por que? Porque só entendemos o mundo a partir de nossa realidade. O baiano Milton Santos (1926-2001) dizia que a plataforma de onde via o mundo era seu país. 

Pátria Latina é a voz integradora dos povos porque transmite suas plataformas. Não vê o mundo como “mercado”, o vê com os seres humanos, cidadãos, que têm na sua cultura a lente de observação. 

É uma coincidência feliz este encontro de pensamentos baianos no Pátria Latina. No fundamento da informação fidedigna, não escamoteadora, não parcialmente ideologizada, como quase toda comunicação de massa no Brasil, quando não dirigida ostensivamente do exterior nos canais virtuais, estão as plataformas nacionais. 

A redução sociológica é ditada não somente pelo imperativo de conhecer, mas, igualmente, pela necessidade social de uma comunidade. E a realidade social não é um conjunto desconexo de fatos, ao contrário, é dotada de sentido, permeada de valores. 

O mundo que conhecemos e onde agimos é da complexa e quase infinita trama de referências e interesses. 

O Pátria Latina traz os fatos não as especulações, as análises não a doutrinação. E aí sua duradoura permanência. 

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado, se orgulha de colaborar com o Pátria Latina.

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